quinta-feira, dezembro 11, 2014

Cai a Máscara da Comissão Nacional da Verdade (CNV)

Ontem, com pompa e circunstância com direito a lágrimas de crocodila (como não existe presidenta posso usar crocodila também) a nefanda Comissão Nacional da Verdade, ou meias verdades, presidida e conduzida com total parcialidade e incompetência, apresentou seu relatório final supostamente contendo verdades, mas que na realidade usa meias informações para, entre algumas confirmações de quebra de direitos humanos que sabemos ocorreram de ambos os lados embora só se enxergue um deles, também manchar a honra de militares com extensa folha de serviços ao país, que por irresponsabilidade na análise das informações coletadas foram, injustificadamente, rotulados pela simples circunstância, de por alguma razão, estarem próximos aos fatos.

Causa enorme perplexidade e indignação de como se atira no lixo, décadas de serviço sério e honesto, sem sequer convocarem as pessoas para dar quaisquer explicações ou depor.

É o caso por exemplo do Almirante Julio Saboya que foi fui rotulado como "tendo participação em casos de tortura, cuja execução acompanhava", afirmação feita a partir de dados completamente errados e inverídicos; a CNV teve acesso aos dados de carreira do Almirante (caderneta-registro) disponibilizado pela Marinha, mas não se preocupou, sequer, em verificá-los corretamente.

O relatório afirma que o oficial serviu na Ilha das Flores por dois anos - 1969 e 1970 - como Capitão-de-Corveta ; ele não serviu na Ilha das Flores e sim fora destacado do seu navio, CT Paraná, como 1º Tenente (com menos de 3 anos de formado), para auxiliar a realização de um IPM na Ilha das Flores, por cerca de dois meses, no primeiro semestre de 1969, retornando ao seu navio após o término do meu trabalho. Tudo consta dos assentamentos enviados à CNV. Quem conhece um pouco da vida militar sabe que oficiais modernos (novos) são destacados para atividades burocráticas como esta.

O citado oficial nunca acompanhou interrogatórios investigativos, realizados, eventualmente, por agentes externos, era apenas responsável pelos documentos formais do IPM, que apurava assaltos a bancos e atividades subversivas, sempre com escreventes e com os depoimentos lavrados e assinados. A verdade foi deturpada por quem deveria tê-la como principal objetivo.

Este é o tipo de trabalho que foi entregue à Presidente e que a fez chegar às lágrimas.

Uma Comissão que nitidamente enxerga apenas um dos lados, como se aqueles que pretensamente lutavam pela democracia, o que sabemos nunca foi o objetivo real, não tivessem, assaltado, assassinado e torturado, como meio de obter informações dos movimentos das forças de repressão da época. Infelizmente, a tortura é um traço do caráter humano existente em uma classe de seres humanos inferiores, que não se abstém de fazer uso dela quando estão no poder. Ela está por ai, em vários lugares do mundo, ainda hoje no século 21.

Como se expressou Reinaldo de Azevedo hoje:"De maneira indecorosa, a comissão ignorou os assassinados por grupos terroristas: há pelo menos 121. Não! Esses cadáveres não contam. Não devem entrar na categoria de carne humana. Também os atos violentos dos grupos terroristas foram banidos da verdade. A Comissão Nacional da Verdade quer nos fazer crer que só agentes do estado praticaram violência; que não houve terrorismo no Brasil; que as pessoas assassinadas pelos terroristas não eram humanas; que a emenda que convocou a Constituinte não foi aprovada por um Congresso soberano."

Não temos dúvidas que com as informações que começam a aparecer sobre o conteúdo do Relatório Final da CNV, vão surgir ações judiciais visando solicitar ao Presidente desta Comissão explicações de como presidiu as investigações sem tomar os cuidados necessários, pois quem decide liberar um relatório importante como este, que mexe com a vida e a reputação das pessoas, sem ouvir a outra parte não pode ser considerado justo nem verdadeiro

sexta-feira, dezembro 05, 2014

Liberdade do Medo, da Série Mulheres Sempre Grandes na História

Aung San Suu Kyi, Prêmio Nobel da Paz de 1991, reconhecida internacionalmente pela sua luta contra a tirania, por liberdade e dignidade é um exemplo vivo de luta pelos direitos humanos não só para seu povo na Birmânia (Myanmar) como para toda humanidade.

Suu Kyi recebeu além do Nobel da Paz em 1991, o Prêmio Rafto e o Prêmio Sakharov pela Liberdade de Pensamento em 1990. Em 1992 ela foi agraciada com o Jawaharlal Nehru Award for International Understanding pelo governo da Índia. Em 2007 o governo do Canadá transformou-a em cidadã honorária daquele país, a quarta pessoa a receber esta honra. Em 2001 foi agraciada com a Wallenberg Medal. Em 19 de setembro de 2012, Aung San Suu Kyi foi também contemplada com a Congressional Gold Medal, que juntamente com Presidential Medal a maior condecoração civil nos Estados Unidos.

Filha do grande herói nacionalista da Birmânia, Aung San, vivendo um boa parte da sua vida fora da Birmânia, visto que casada com um inglês, nunca desprezou sua identidade birmanesa e quando o destino lhe apresentou a ocasião não abandonou seus país, seu povo e a busca pela liberdade.

Retornando à Birmânia em 1988 por ocasião da doença de sua mãe, jamais deixaria a Birmânia novamente, convocada pelo povo de seu país para liderar a luta em prol da liberdade no país, oprimido por uma feroz junta militar desde um golpe de 1962. A Junta Militar tentava quebrantar seu espírito, separando-a dos familiares na Europa e oferecendo a falsa liberdade de deixar o pais para se juntar a eles. Ela estava, perfeitamente, ciente de que se o fizesse, jamais obteria autorização para regressar.

Desde o golpe de 1962 e até 2010, Myanmar foi governado por um regime militar estrito, com o nome "Conselho de Estado para a Paz e o Desenvolvimento". Apesar de algumas reformas, e a teórica instalação de um governo civil, em 2010, a Constituição ainda mantém o poder dos militares. O atual chefe de Estado é o presidente do Conselho, General Than Shwe. A maioria dos postos do gabinete é ocupada por oficiais militares. . Os principais partidos do país são a Liga Nacional pela Democracia e a Liga das Nacionalidades Shans pela Democracia, embora suas atividades sejam fortemente reguladas e mesmo suprimidas pelo regime militar que, ademais, proibiu o funcionamento de diversos partidos e organizações políticas.

Várias organizações de direitos humanos, inclusive a Human Rights Watch e a Anistia Internacional, relatam casos de abusos do governo militar contra os direitos humanos e afirmam que não há poder judiciário independente no país . Há relatos de trabalhos forçados, tráfico de pessoas e trabalho infantil , e o governo é conhecido por usar a violência sexual como instrumento de controle.

As eleições parlamentares de 1990 foram as primeiras em 30 anos, na qual a Liga Nacional pela Democracia, chefiada por Aung San Suu Kyi, recebeu mais de 60% dos votos e mais de 80% dos assentos na Assembleia. Entretanto, o regime militar anulou o resultado do pleito. Aung San Suu Kyi, que ganhou reconhecimento internacional como ativista pela democracia em seu país e recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1991, tem sido mantida em prisão domiciliar.

Os representantes eleitos em 1990 formaram o Governo Nacional de Coalizão da União de Myanmar, um governo-no-exílio que é considerado ilegal pelo regime militar .

No entanto, ele esteve detida em prisão domiciliar por 15 dos 21 anos desde 20 de julho de 1989 até recentemente em 13 de novembro de 2010, tornando-se um dos mais proeminentes prisioneiro políticos do mundo.

Em 1 de Abril de 2012, seu partido a Liga Nacional Pela Democracia anunciou que ela tinha sido eleita deputada (Pyithu Hluttaw) no Parlamento Birmanês, representando os constituintes de kawmu, seu partido ganhou 43 das 45 vagas na casa baixa. Os resultados das eleições foram confirmados pela comissão oficial eleitoral no dia seguinte.

Em 6 de junho de 2013, Suu Kyi anunciou ao Forum Econômico Mundial de que concorreria para a presidência de Myanmar nas eleições de 2015. Suu Kyi é proibida de acordo com a constituição, entretanto, de se tornar presidente e isto não pode ser emendado sem, pelo menos, um legislador militar.

Em 2014, ela foi listada pela Forbes como a 61ª mulher mais influente no mundo.

Inicialmente Publicado em Conversando Sobre História

quinta-feira, novembro 20, 2014

Não peide ao fazer uma ressonância magnética


Estou contando esta verdadeira, mas patética, história em solidariedade a outras almas torturadas que, incansavelmente, resistem e sobrevivem a extremas humilhações. Somos um grupo de idiotas, propensos a acidentes, que provocam situações embaraçosas regularmente, que seriam capazes de traumatizar permanentemente uma pessoa normal. A minha experiência esta semana será difícil de superar: eu peidei dentro de um aparelho de ressonância magnética.

Em termos médicos, eu tinha rompido o menisco, uma cartilagem que atua como um amortecedor entre a minha tíbia e o fêmur. Em termos de mulher de meia-idade, dois demônios do inferno invadiram meu corpo e acenderam fogueiras no meu joelho e depois dançaram por ali, cutucando os nervos abertos com garfos elétricos. A dor era muita mais do que intensa e o acidente tinha severamente danificado meu corpo a ponto de eu não poder nem ficar parada, nem caminhar, e nem ao menos rastejar até o bar de vinhos.

Após cinco dias de drogas induzidas, eu finalmente vi um cirurgião ortopédico. Ele manipulou meus joelhos até que as lágrimas escorressem pelo meu rosto e eu o ameaçasse de arrancar seus braços. Era óbvio que aquilo estava me machucando, pela maneira que eu arrancava pedaços dos cantos da mesa de exame. Eu silenciosamente prometi incluí-lo como personagem detestável no meu próximo conto. Finalmente, um lindo anjo me deu narcóticos autorizados. Logo minha perna devastada era uma grande piada, em faixas, e eu ria e ria.

Poucos dias depois, eu fiz a ressonância magnética - um procedimento de imagens que utiliza um campo magnético e ondas de rádio para fazer imagens de ligamentos e articulações danificadas. Um belo e jovem técnico me ajudou a entrar no tubo do terror e amarrou a minha perna. Eu, nervosamente, comentei que primeiro eu tinha que saber o nome dele, antes de dar autorização para ser amarrada em uma cama. Ele não riu, mas me mandou ficar quieta por 45 minutos. Então, lá estava eu, com dor, sofrendo de claustrofobia, movendo-me sobre uma esteira em direção à câmara de tortura branca, e eu não tinha ideia de como permanecer imóvel. E, para completar minha angústia, a minha única plateia não se divertia com as minhas piadas.

20 minutos mais tarde, eu comecei a ficar ansiosa. Eu estava amarrada em um túnel e só poderia ouvir ruídos estranhos e sons agudos e irritantes. Por mim eles estavam decidindo quais seriam as partes do meu corpo que iriam extrair e vender no mercado negro. Em seguida, uma sensação incômoda conseguiu prever que viria uma passagem de gás. Mordi a língua, me belisquei e tentei me concentrar em uma cena pastoral, em um prado verde ao lado de um riacho murmurante. Eu podia ouvir o conselho da minha mãe: "Segure fundo." Eu me mexi.

"Por favor, fique quieta", ouvi a voz que vinha do lado de fora do túnel da vergonha.

Eu observava como as luzes e os números revelavam o tempo que restava. Três minutos. Eu ia conseguir! Não! Meu corpo me traiu no último minuto. Eu estava presa e indefesa, assim que meu corpo nervoso fez o que faz melhor: ele peidou. Eu lancei gás com a intensidade e a convicção de uma equipe de lutadores de sumô depois de uma competição para ver quem comia mais pimenta. E o espaço confinado fez com que o som se amplificasse, como se uma dúzia de sirenes tivessem sido ativadas simultaneamente. Eu não sabia se chorava, ria, ou ligava para o meu filho e me gabava do feito.

"Bem, agora, eu acho que já temos imagens suficientes", disse o lindo técnico, suprimindo uma risada. A cama mágica foi retrocedendo rumo à liberdade, trazendo consigo o cheiro pútrido da decadência. Eu estava mortificada, já que meu prado imaginário se tornou um pasto devastado, cheio de esterco podre. Que diabos eu tinha comido? Evitei contato visual com o técnico tímido e manquei de volta para o vestuário. Mais uma vez, eu aceitei o meu destino de ser a relutante e perpétua palhaça, a excêntrica, aquela que peida durante um procedimento médico complicado.

Se eu precisar de outra ressonância, vou solicitar que seja no Texas. Todos peidam por lá.

Este artigo foi originalmente publicado pelo HuffPost US e traduzido do inglês.

O Nascimento da Dissenção Xiita - Sunita


Uma das mais dramáticas ocorrências na época da Dinastia Omaiada em 680, continua a afetar o Oriente Médio até hoje. O filho de Ali, genro de Maomé e 4º califa, Hussain foi massacrado pelas forças Omaiadas em Karbala, no Iraque.

Este evento violento deu nascimento à divisão Sunita-Xiita dentro do Islã. O massacre de Karbala é a origem da violência sectária que tem flagelado o povo do Iraque. Iraque.

Imediatamente à morte de Mu'awia o filho de Ali, Hussain alegou direitos ao califado. esta posição, naturalmente o colocou em rumo de colisão contra Yasid (o filho do Califa Omáiada Mu'awia) que se considerava o califa por direito. Iraque.

Hussain era apoiado por uma grande facção que o o seguia devido aos seus laços com Maomé (ele era neto de Maomé). Iraque.

O exército de Hussain e um pequeno grupo de seguidores foram capturados perto de Karbala. Os Omaiadas executaram totalmente o grupo. Depois cortaram a cabeça de Hussain e a enviaram, para Yasid, em Damasco. Iraque.

O horror e choque da atitude enfureceu muitos muçulmanos. Iraque.

Hussain afinal era neto de Maomé. O massacre provocou o cisma dentro do Islã. Os seguidores de Hussain ficaram conhecidos como Xiitas (Casa de Ali) enquanto o seguidores dos Omaiadas (a maioria dos muçulmanos) se tornaram conhecidos como Sunitas. Iraque.

Hussain e seus irmãos estão enterrados em Karbala. Os Xiitas consideram a cidade como sagrada e todos os anos no aniversário do massacre , os Xiitas se envolvem em atos de autoflagelação, como uma penitência simbólica por não terem ajudado a salvar Hussain. Iraque.

Fonte: Understanding The Middle East, Edward Trimnell. Iraque.

Imagem: Batalha de Karbala Alguns direitos reservados por: https://www.flickr.com/photos/harveypekar/ (Todos os tamanhos desta foto estão disponíveis para download sob uma licença Creative Commons).

Originalmente publicado em Conversando Sobre História.

quinta-feira, novembro 06, 2014

Cuidado com o que lê nas Redes Sociais + Gramsci

Quem nos acompanha sabe que a decepção bateu nas primeiras horas após o resultado das eleições, mas desde o começo sempre manifestei minha opinião que auditoria e recontagem com o sistema atualmente implantado, sem comprovante impresso da votação seriam inúteis e só serviriam para abalar a reputação internacional do país e o que considerava que devia ser feito seria a capitalização política, pela oposição, dos mais de 51 milhões de votos do Aécio.

Nestas primeira horas, confesso, até me deixei levar por algumas ideias, que pensando com mais clareza 24 ou 48 horas depois considerei não só ineficazes como ridículas. Uma delas a petição à Casa Branca.

Com o passar dos dias comecei a identificar um certo exagero daqueles que estão postando todo este ódio nas redes sociais, às vezes esquentando notícias passadas, algumas de vários anos, que o leitor desprevenido pensa que são cotidianas. Estas pessoas não estão discutindo ideias, estão criando um estado de ânimo para um suposto "impeachment" que sabemos não vai ocorrer. Denunciar, repassar fatos políticos ou denúncias de corrupção mostrados pela mídia é uma coisa, mas o que estão fazendo é fomentar ódio e ressentimentos.

Vi um vídeo de uma conversa, aparentemente pelo Skipe, entre Olavo de Carvalho e o músico Lobão, que é simplesmente patético caracterizado por um baixíssimo nível do discurso. Percebi a injusta avalanche de insultos ao Xico Graziano, antigo colaborador ou assessor do PSDB (FHC), em seu perfil no Facebook, quando começou a criticar o que anda por ai nas redes sociais.

Então, considero o discurso de hoje à tarde do Aécio no Senado, exatamente, o que eu esperava; ele assumiu a liderança da oposição em nome de mais de 51 milhões e exigiu condições para o diálogo. Enquanto isso, membros desta turma radical nas redes sociais afirmam que Aécio os traiu. Dá para identificar logo o que esta gente pretende. É preciso separar o joio do trigo se queremos, realmente, contrapor o que está ai, dentro da democracia e do estado de direito.

Os que me conhecem sabem que não pertenço a nenhum partido, sou apenas brasileiro, preocupado, nem mesmo comigo, mas com o futuro dos meus, por enquanto, cinco netos.

Todo mundo sabe que a ideologia do PT vem deste calhorda italiano. Mas alguém perguntaria: O Lula leu Gramsci? É claro que não, nunca leu nada, mas não se pode desconsiderar, o que seria um burrice, que ele é esperto e com o tempo assimilou o discurso dos ideólogos do PT. Na verdade, existe um aparente paradoxo : O PT é um produto do Lula ao mesmo tempo que o Lula se tornou produto do PT.



Exemplo 1:.

"As necessidades para todo movimento cultural que pretenda substituir o senso comum e as velhas concepções do mundo em geral, a saber: 1) não se cansar jamais de repetir os próprios argumentos (variando literariamente a sua forma): a repetição é o meio didático mais eficaz para agir sobre a mentalidade popular; 2) trabalhar incessantemente para elevar intelectualmente camadas populares cada vez mais vastas, isto é, para dar personalidade ao amorfo elemento de massa, o que significa trabalhar na criação de elites de intelectuais de novo tipo, que surjam diretamente da massa e que permaneçam em contato com ela para tornarem-se os seus sustentáculos." [Posição 817 Kindle]

Querem mais, então observem o pensamento Gramsciano que move a politica educacional do PT, através da manipulação desde tenra idade das crianças na Escola:

Exemplo 2

"O fato de que uma multidão de homens seja conduzida a pensar, coerentemente e de maneira unitária, a realidade presente é um fato "filosófico" bem mais importante e "original" do que a descoberta, por parte de um "gênio" filosófico, de uma nova verdade que permaneça como patrimônio de pequenos grupos de intelectuais."

[Posição Kindle 640]

terça-feira, novembro 04, 2014

Hegemonia


Este texto do Reinaldo Azevedo precisa ser lido e disponibilizado na Integra como também deve ser lida na íntegra a resolução recente do PT (3/11) cujo link está disponibilizado no texto. Melhor ainda, quem quiser realmente entender o que se passa deve ler Gramsci. Existe versão gratuita, em português, na Amazon

O texto da resolução do PT não é absolutamente transparente, as mensagens são subliminares, evidentemente engana muita gente, mas é suficientemente claro para qualquer um que tenha um mínimo de instrução e não esteja perto do analfabetismo funcional. Embora a liderança saiba bem o que busca, acredito que grande parte da militância do PT sequer entende o que etá escrito.

A situação é grave, continuo achando que a solução não é contestação das urnas, recontagem ou auditoria, mas a mobilização dos mais de 51 milhões que não votaram diretamente na Dilma, somados aos mais os cerca de 6 milhões que votaram nulo e branco. Estou desconsiderando as abstenções, pois entre elas não podemos exatamente contabilizar oposição. Como disse o Reinaldo, o PT considera estes 57 milhões como fascistas, homofóbicos e racistas e não os trata como adversários. mas como inimigos a serem eliminados.

Leia o artigo de:
Artigo Reinaldo Azevedo

sexta-feira, outubro 24, 2014

Despreparo Democrático

Esperava-se que as eleições de 2014 seriam uma estreia eficaz das mídias sociais no processo eleitoral, mas o que se viu foi o mal uso dessas ferramentas servindo a paixões descontroladas, ataques "ad-hominem" concorrendo para a aniquilação do debate de ideias e propostas.

Costuma-se dizer que a democracia brasileira é jovem, por exemplo, em relação à americana, que já elegia presidentes enquanto éramos uma colônia. Eu acho este argumento um pouco ingênuo ou equivocado. O que se verifica é que o brasileiro ainda torce por candidatos como se torcesse por um time de futebol, olham apenas para os nomes das pessoas que se candidatam e esquecem-se dos programas de partido que na verdade inexistem. Meses depois, sequer se lembram em quem colocaram seu voto.

Há quem defenda a intervenção da Justiça Eleitoral para coibir os excessos. Isto nunca vai resolver o problema, o que precisamos é educar a população, constantemente, mostrando que eleições não podem ser comparadas a embates futebolísticos e que não existem camisas e sim ideias e o futuro do pais em jogo. E o que deve ser discutido são exatamente as ideias não as pessoas, evidentemente, ressalvando a necessidade das fichas-limpas.

Contribui muito para isso o péssimo sistema educacional, que para piorar as coisas retirou há tempos do currículo disciplinas importantes, simplesmente, porque a associavam aos governos militares; moral, ética, cidadania e política.

Hoje alega-se que a grade curricular está muito carregada e que não suporta a inclusão de mais uma disciplina como já proposto no Congresso. Pode até ser, mas porque não revemos esta grade tornando-a compatível com a idade dos alunos excluindo por exemplo o ensino de História nos níveis mais elementares. História não é uma matéria para ser ensinada a crianças de 7 aos 9 anos, quando sequer possuem as qualidades cognitivas para entender as análises necessárias ao ensino adequado da matéria. Ensinar História baseando-se apenas em datas e nomes é um erro e com o tempo vai apenas contribuir para afastar o aluno do tema.

Temos mais 4 anos para ver se a redes sociais entram no debate político, com toda a sua relevância e sem suas mazelas, porque desta vez falharam.

quarta-feira, outubro 22, 2014

O Valor de Uma Boa Obra de Ficção


Aqueles que como eu estão sempre lendo ensaios e estudos, sejam eles científicos ou de ciências humanas como Direito, História Sociologia etc., precisam às vezes parar e dar tempo para uma boa obra de ficção.

Aquele tipo, que às vezes nos faz, graças à pesquisa apurada do autor, chegar até a pensar que os fatos tem coincidência histórica.

Na maioria ou na totalidade das vezes não tem, apenas o autor é hábil o suficiente para misturar seus personagens no meio de acontecimentos e personagens históricos de um maneira que parece tão verossímil, que nos vemos, subitamente, a procurar no Google dados sobre personagens, até sempre confirmarmos, inexoravelmente, que são fictícios.

Somerset Maugham, por exemplo, costuma escrever na primeira pessoa do singular, um estilo que dá a impressão de que que o autor está inserido na história conversando e entrevistando personagens. Segundo ele, isto dá mais verossimilidade à narrativa, de tal forma que Maugham em seus prefácios costumava alertar o autor de que ele não estava na narrativa e de que não se iludissem sobre os fatos terem acontecido a ele próprio.

Portanto, amigos, deem pausa a seus estudos com uma boa ficção de tempos em tempos. Um bom autor ensina muito sobre a natureza humana e nos faz crescer como seres humanos.

Publicado inicialmente em: Conversando Sobre História.

terça-feira, outubro 21, 2014

Gosma cinza" ('grey goo') colocada em perspectiva

Um artigo publicado em 09 de junho de 2004, na revista Nanotechnology, adverte que o medo de máquinas auto-replicantes incontroláveis, desvia a atenção de outros riscos mais graves da fabricação molecular.

O documento, "Safe Exponencial Manufacturing", publicado pelo Instituto de Física, foi escrito por Chris Phoenix , diretor de pesquisa do Centro de Nanotecnologia Responsável (CRN), e Dr. K. Eric Drexler , o teórico da nanotecnologia pioneiro e fundador do Foresight Institute. Drexler já havia advertido contra as máquinas de auto-replicação em seu livro de 1986, Engines of Creation , alertas que geraram todo o temor explorado nas telas e nos romances de ficção.

A ideia se tornou conhecida como "grey goo" (gosma cinza) e inspirou uma geração de autores de ficção científica.

Neste artigo, Phoenix e Drexler mostram que a fabricação baseada em nanotecnologia pode ser completamente segura contra a replicação fora de controle. No entanto, eles alertam que, por outras razões, o desvio de manufatura molecular ainda permanece como um perigo considerável.

O chamado "grey goo", só poderia ser produto de um processo de engenharia deliberado e difícil, e não um acidente", disse Phoenix. Muito mais grave é a possibilidade de que uma grande e conveniente escala e capacidade de produção possa ser usada para fazer armas não-replicantes incrivelmente poderosas, em quantidade sem precedentes. Isto poderia levar a uma corrida armamentista instável e a uma guerra devastadora.

"A política investigativa sobre os efeitos da nanotecnologia avançada deve considerar isso como uma preocupação primordial, e a replicação em fuga como uma questão mais distante."

Diferentemente da ideia inicial a autorreplicação não é necessária para a construção de um sistema de manufatura molecular eficiente e eficaz. Em vez de construir lotes complexos de minúsculos robôs para a fabricação de produtos, será mais prático utilizar simples braços do robô dentro de fábricas do tamanhos de computadores de mesa. Um braço robótico removido de uma tal fábrica seria tão inerte como uma lâmpada puxada da rede elétrica. A fábrica como um todo não seria mais móvel do que uma impressora de mesa e seria necessário um fornecimento de matérias-primas purificadas para construir qualquer coisa.

"Uma obsessão com imagens de ficção científica obsoletas de enxames de nanobugs replicando, tem desviado a atenção das questões reais levantadas pela revolução que virá com a nanotecnologia molecular", disse Drexler. "Temos de nos concentrar nas questões que importam e em como lidar com esses novos recursos poderosos em um mundo competitivo"

Mike Treder , Diretor Executivo da CRN, disse: "Esperamos que este artigo faça avançar a discussão sobre as implicações reais da fabricação molecular. Não há necessidade de pânico, mas existem preocupações urgentes que devem ser resolvidos antes que a tecnologia chegue."

A carta de Lampião

Em 1926 o cangaceiro Lampião enviou uma carta ao governador de Pernambuco, Júlio de Melo, sugerindo a divisão do estado em duas partes: uma ficaria com ele e a outra com o governo. Na época, o chefe de polícia Antônio Guimarães foi o responsável por levar a notícia da atitude audaciosa ao conhecimento do governador. Ainda em 1926, no dia 12 de dezembro, Júlio de Melo foi substituído no governo por Estácio Coimbra, a quem caberia tomar atitude com relação à carta de Lampião. O novo governador nomeou como chefe de polícia o jovem advogado Eurico de Sousa Leão.

Com Leão à frente da Repartição Central de Polícia, começou uma ação organizada do estado contra o cangaço. Em princípio, Leão substituiu os soldados do litoral (chamados de "pés-de-barro") por sertanejos com hábitos e resistência física semelhantes às dos cangaceiros, reorganizando o serviço policial volante. Ele levou para a polícia sertanejos da própria região, o vale do rio Pajeú, de onde os bandidos eram originários, ampliando uma política iniciada no governo anterior. A partir de então eram homens de maior resistência, acostumados a enfrentar a caatinga e suas dificuldades, que davam combate.

Os resultados dessa mudança de estratégia não demoraram a aparecer. Lampião logo teria no seu encalço homens como os nazarenos, naturais da cidade de Nazaré (hoje Carqueja - PE), que se tornariam seus piores inimigos. Além dessas medidas, Leão começou a prender e processar os coiteiros, pessoas que ajudavam a encobrir os integrantes do cangaço. A ação ajudou a quebrar a condescendência e até mesmo a cumplicidade dos poderosos chefes do interior com Lampião e seus seguidores. Por fim, promoveu convênios com os estados vizinhos para enfrentar os bandoleiros.

Leão teve como um dos principais agentes ao seu lado o militar Teófanes Ferraz Torres, com quem divide os méritos da introdução em Pernambuco da polícia científica e da moderna administração da defesa social. As medidas aplicadas provocaram a derrota de Lampião em menos de um ano e meio, conquistando também a opinião pública.

Na íntegra a Carta:

Senhor governador de Pernambuco, Suas saudações com os seus. Faço-lhe esta devido a uma proposta que desejo fazer ao senhor para evitar guerra no sertão e acabar de vez com as brigas. (...) Se o senhor estiver no acordo, devemos dividir os nossos territórios. Eu que sou capitão Virgulino Ferreira Lampião, Governador do Sertão, fico governando esta zona de cá por inteiro, até as pontas dos trilhos em Rio Branco. E o senhor, do seu lado, governa do Rio Branco até a pancada do mar no Recife. Isso mesmo. Fica cada um no que é seu. Pois então é o que convém. Assim ficamos os dois em paz, nem o senhor manda seus macacos me emboscar, nem eu com os meninos atravessamos a extrema, cada um governando o que é seu sem haver questão. Faço esta por amor à Paz que eu tenho e para que não se diga que sou bandido, que não mereço. Aguardo a sua resposta e confio sempre.

Capitão Virgulino Ferreira Lampião, Governador do Sertão

Fonte: livro Lampião, seu tempo, seu reinado - vol. III, de Frederico Bezerra Maciel, Editora Vozes.

Publicado Inicialmente em: Conversando Sobre História, por #AL

domingo, outubro 05, 2014

Leonor de Provença


Embora as mulheres só viessem a ser governantes na Inglaterra bem mais tarde, Leonor da Provença, se não governou oficialmente, teve forte influência nas decisões do Rei, Henrique III.

Ela exerceu forte influência sobre o marido, beneficiando parentes franceses e tentando controlar seu filho e herdeiro Eduardo I, levando à rebelião dos barões conduzida por Simão V de Montfort, VI conde de Leicester, durante a Segunda Guerra dos Barões que foi travada em entre 1264 e 1267.

O seu marido foi capturado na Batalha de Lewes, em 1264, juntamente com seu filho Eduardo e Leonor de Provença viu-se forçada a refugiar-se na corte de França junto de sua irmã a rainha Margarida de Provença.

Em 1265, Eduardo escapa se reorganiza com seus barões e lorde aliados e bate Montfort na Batalha de Eversham

Henrique III de Inglaterra, que continuava rei, mas era controlado por Montfort, recupera suas funções do trono em 1265 e Leonor volta a Inglaterra, sendo no entanto mantida à margem da política. A guerra continuará a ser travada com o filho de Montfort, Simon de Montfort.

Quando o seu marido morreu em 15 de Novembro de 1272, tentou, sem êxito recuperar o poder movendo a sua influência na corte. Não teve no entanto sucesso. O seu filho Eduardo I assume o poder e encarrega-a de educar vários dos seus netos enquanto ele e sua esposa, Leonor de Castela partem para as Cruzadas.

Alguns anos depois retira-se para a abadia de Amesbury, em Wiltshire, onde acabou por morrer em 24 de Junho de 1291 aos 68 anos de idade. Encontra-se sepultada nesta abadia.

Fonte: Marc Morris
Imagem: Supostamente Leonor da Provença - Você acredita? A vestimenta parece-me muito gata, fora dos padrões do século 12. Não quero dizer com isto nem melhor nem pior, apenas fora do padrão de beleza. Não consegui determinar a origem desta imagem. Acho que algum fã da Eleanor a produziu

Originalmente Publicado em Conversando Sobre História

sexta-feira, agosto 08, 2014

Refletindo: Conflitos Israel-Palestina



Quando se pensa sobre os conflitos no oriente médio a questão que deve ser logo colocada na mesa é a seguinte:

Não existem mocinhos e bandidos, os dois lados incorporam as duas qualificações em épocas e situações distintas ao longo da história. Ora um lado é o mocinho ora o outro e vice-versa.

Não pretendo fazer um resumo completo dos problemas do oriente médio pois isso começaria pela Antiguidade Babilônia e Mesopotâmica e se seguiria pelos Impérios Romano e Bizantino, pelo Império Otomano,pela Idade Média,pelo Iluminismo, pelos séculos 20 e 21, e cada passagem dessa merece um livro individual.


Podemos identificar as raízes deste conflito após a dispersão dos judeus durante o império romano para o Oriente Médio e Europa.

Quando a Palestina se tornou possessão bizantina, nos anos 300, os cristãos bizantinos eram, particularmente, hostis aos judeus.

As Cruzadas a Terra Santa foram desastrosas para os judeus residentes na Palestina, que se tornaram os alvos dessas cruzadas. Com o domínio otomano a situação melhorou um pouco pelo menos até a metade do século 19 , pois o declínio do poderio otomano impunha pesadas taxas a qualquer residente da Palestina, independente da religião.

Os acontecimentos na Europa logo criaram novas ondas de imigrações de judeus para a Palestina onde o antissemitismo era um tema recorrente desde as Cruzadas, pois os cruzados usavam a crucificação como mote para assassinar judeus sob o pretexto destes serem os "assassinos de Cristo". Apesar disto, a situação na Europa variava de país para país.


Então, nasce o Sionismo como reação ao antissemitismo, através de uma série de manifestações escritas. Ao final de 1870, havia cerca de 25.000 judeus na Palestina multiplicando a população judaica na área o que conduzia a conflitos com a população árabe. Inicia-se o pleito da população judaica pela instalação de um estado judeu na região. 
A partir deste momento este povo disperso acaba ganhando a simpatia mundial para estabelecer seu estado entre as nações do mundo, o que é completado em 1948, pela Assembleia das Nações Unidas. Com isso, a pequena faixa de terra localizada ao longo do Mediterrâneo, entre o Líbano e o Egito, tornou-se alvo de disputas entre judeus e palestinos.



As reações de países árabes como Síria, Egito, Iraque Jordânia e Líbano levaram às guerras de 1949 e 1967 (a chamada Guerra dos Seis Dias). Nestas guerras Israel aumentou deu domínio territorial na região, através de conquistas de territórios egípcios e sírios como a península do Sinai a Faixa de Gaza e as colinas de Golan.

Entre estas guerras tivemos a crise do Canal de Suez quando o Egito aproveitou o anúncio da retirada britânica de tropas na região e expeliu os oficiais britânicos da Zona do Canal, nacionalizando-o. Em uma rara oportunidade de cooperação das superpotências, os ingleses e franceses, que estavam preocupados com a possibilidade de Nasser, controlar o canal, foram obrigados pelos EUA e URSS a se retirar. Uma força internacional da ONU, composta de tropas de vários países, inclusive o Brasil,protegeu a zona do Canal.

A retaliação árabe veio anos mais tarde após a morte de Nasser e a ascensão de Anwar Sadat, que embora aparentemente mais moderado que seu antecessor, foi forçado a retrucar a humilhação de 1967 na tentativa de recuperar terras no Sinai. Foi a Guerra do Yon Kippur ou, como denominada pelos árabes, Guerra do Ramadan em 1973. As forças armadas judaicas desta vez não repetiram as atuações estelares de 1949 e 1967. A Síria recuperou parte das colinas de Golan e o Egito parte do Sinai. Depois doa crise dos mísseis de cuba em 1961, este foi o momento de maior tensão nuclear na guerra fria entre os EUA e a então União Soviética.

A partir então dos anos 70 a visão de bom moço de Israel de 1948, que tentava estabelecer para seu povo disperso um estado nacional, se alterou para alguns, que começaram a entendê-la como a de um agressor imperialista. Por outro lado, em 1972, durante as Olimpíadas de Berlim, o mundo começou a tomar conhecimento do terrorismo em suporte à causa Palestina e de lá para cá o nome de organizações como Hamas e Hezbolá começaram a fazer parte do noticiário da mídia internacional, produzindo a confusa e insolúvel situação que enxergamos nos dias de hoje. Os palestinos que tomaram os reféns pertenciam a um grupo chamado Setembro Negro. Na época, o líder da OLP (Organização Para Libertação da Palestina) Yasser Arafat, afirmou que não havia conexão entre a OLP e o grupo Setembro Negro. Em 1999 esta conexão foi confirmada em um livro escrito pelo líder do Setembro Negro, Abou Daoud.

Em Dezembro de 1988, o líder da OLP, Yasser Arafat, anunciou duas importantes mudanças em sua plataforma de organizações: O grupo renunciou formalmente o uso do terrorismo e concordou como direito da existência do estado de Israel. A ONU havia reconhecido a OLP como representante dos Palestinos em 1998, mas somente após estas declarações, os EUA concordaram em negociar com a representação da OLP.

Como escrevi no início, um resumo mais completo sobre toda esta questão seria muito mais do que estas poucas linhas e precisaria também incluir relatos sobre as influências que as participações dos britânicos, até pouco após a 2ª Guerra Mundial e dos americanos, principalmente após a 2ª Guerra Mundial e o comercio mundial de petróleo tiveram no desenvolvimento desses acontecimentos.

Originalmente Publicado em Conversando Sobre História.


terça-feira, junho 17, 2014

Homossexualidade Grega


Um dos temas mais controversos da antiguidade é a descrição do fenômeno de comportamentos e sentimentos homossexuais que são encontrados na literatura e na arte grega entre o oitavo e o segundo séculos AEC.

Para o propósito da argumentação nesta postagem, homossexualidade é definida como a disposição para buscar prazer sensorial através do contato corporal com pessoas do mesmo sexo, em vez da preferência pelo sexo oposto.

Pode muito bem existir outros propósitos para os quais esta definição seria superficial e inadequada; mas a cultura grega difere da nossa na disposição para reconhecimento da alternação entre orientações homossexual e heterossexual no mesmo indivíduo, em sua negativa implícita de que tal alternação ou coexistência cria problemas peculiares para o indivíduo ou para a sociedade, em sua compreensiva resposta para expressões abertas de desejo homossexual em palavras e comportamentos, e em seu gosto pelo tratamento desinibido de temas homossexuais na literatura e nas artes visuais.

Como e quando e porque a homossexualidade aberta e não reprimida tornou uma característica tão evidente é um tema sujeito a especulações. Debates violentos, escritos entusiasmados, o silêncio envergonhado, vôos de fantasia: poucos aspectos da sociedade na antiguidade são tão contestados como a pederastia grega, ou, como veremos a seguir, homossexualidade.

Desde que o britânico K.J. Dover publicou seu influente e clássico livro "Greek Homosexuality", mostrado na imagem, uma avalanche de novos estudos tem aparecido.

Muitos estudiosos preferem a abordagem histórica e estão convencidos de que a pederastia teve origem em ritos de iniciação do Dórios. Os dórios foram a última tribo a migrar para a Grécia, e eles são geralmente descritos como verdadeiros He-men, com uma cultura muito masculina. De acordo com os defensores desta teoria, a pederastia veio a se estabelecer ma ilha de Creta, onde os homens crescidos costumavam sequestrar adolescentes. Supõe-se que esta prática se espalhou a partir de Creta para o continente grego. Na cidade de Esparta, não era incomum que um guerreiro cuidasse de um recruta e ficasse ao seu lado no campo de batalha, onde os dois homens bravamente protegiam um ao outro.

Especialmente nos círculos aristocráticos, acredita-se que a pederastia era comum. Há, de fato, um grande número de fotos em vasos que mostram como um amante mais velho, o erastes, corteja um menino, os eromenos. Eles parecem não ser da mesma idade: o erastes tem uma barba e desempenha um papel ativo, enquanto que o adolescente não tem barba e permanece passivo. Ele nunca vai tomar uma iniciativa, parece tímido, e se acredita que não gostava da união sexual.

Seu amante mais velho chega ao orgasmo por contato anal ou intercrural ("Intercrural" significa que os erastes movia seu pênis entre as coxas do rapaz) Em um vaso, você nunca vai ver um menino com uma ereção, mesmo quando seus erastes toca seus genitais . Muitos estudiosos modernos assumem que, assim que o adolescente tinha uma barba, o caso de amor tinham de ser encerrado. Então, ele precisava encontrar uma eromenos para si

Também, ao contrário do que é alardeado, era certamente vergonhoso quando um homem com uma barba permanece como parceiro passivo (pathikos) e era ainda pior quando um homem se permitir ser penetrado por outro homem adulto. Os gregos ainda tinha uma expressão pejorativa para essas pessoas, a quem denominavam kinaidoi. Eles eram alvos de zombaria pelos demais cidadãos, especialmente escritores de comédia, como Aristófanes.

Portanto, deve-se ter cuidado ao atribuir-se práticas do século 21 relacionadas com o amor entre pessoas do mesmo sexo, com a mesma significância na antiguidade

Este é um tema extenso que jamais daria para ser abordado eu uma postagem. Consiste em tema de livros inteiros, portanto, para não emitirmos conceitos deturpados, é importante que se conheça trabalhos corajosos e pioneiros, como este apresentado nesta postagem, bem como os que se sucederam, para se entender verdadeiramente como funcionava a dita homossexualidade na antiguidade, aliás um termo específico da modernidade e que não se aplicaria às práticas dos antigos gregos.

Este é um tema que precisa ser tratado com a seriedade que estamos tratando aqui, para evitar as bobagens históricas que são ditas, tanto para exaltar como para ridicularizar. Eu convido a todos que se interessam pelo estudo da história e dos costumes, a se despirem de preconceitos e refletirem sobre esta pequena postagem e se possível, tentar obter este e outros livros de diversos autores sobre o tema. Outra alternativa é a busca de artigos na Internet. Existem alguns muito bons.

Originalmente Postado em: Conversando Sobre História

quinta-feira, maio 22, 2014

Viés Cultural ou Não?

Temos no Ocidente uma visão clara de que a mulher não é portadora do mesmos direitos civis que o homem na sociedade islâmica. Isto é comprovado por inúmeras organizações ao redor do mundo e mesmo no mundo islâmico, que lutam pela igualdade dos direitos da mulher.

No entanto, os maiores líderes islâmicos negam esta situação e afirmam, exatamente, o contrário; de que a mulher no Islã desfruta os mais elevados níveis de posição na sociedade.

Utilizando-me do mesmo expediente da última postagem, vamos postar alguns textos do líder supremo da revolução iraniana Imã Khomeini. São afirmações feitas em 1978/1979 quando ainda se encontrava exilado. Esta afirmações têm um elevado valor e conceito entre o povo islâmico, no mesmo nível dos textos sagrados.

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[Extraído de "Position Of Women From The Viewpoint of Iman Khomeini, Publicado pelo The Institute for Compilation and Publications of Iman Khomeini's Works (International Affair Division)" - Tradução do inglês por Mário Porto]

"O Islã cumpriu um papel para a mulher sem precedentes na História. O Islã tirou a mulher do lamaçal e a reconduziu à sua identidade. O Xiismo é uma escola revolucionária de pensamento e uma continuação do verdadeiro Islã do Profeta. Não só o xiismo não retira a mulher da sociedade como a propicia adquirir um status elevado. O Islã toma a mulher pela mão e a torna igual ao homem, enquanto antes do Profeta a mulher não tinha legitimidade. O Islã deu à mulher força.

Nós desejamos que a mulher alcance o mais alto nível na humanidade.

Infelizmente, a mulher foi vitimizada no passado, na era da ignorância, antes do advento do Islã. Durante este período, a mulher era tratada com opressão, tratada como animal e até mesmo pior do que os animais. Então, veio o Islã e outorgou sua benção na humanidade, retirou a mulher daquele estado de opressão e a resgatou daquela lama de ignorância.

As mulheres são seres humanos, grandes seres humanos. As mulheres são as educadoras da sociedade, É do colo da mulher que os verdadeiros seres humanos se originam. O sucesso ou o fracasso de um país depende da mulher. Sob o cuidados das mulheres os bravos homens são criados. As mulheres tem a função de criar e formar os verdadeiros seres humanos. As nações que inibem esta função da mulher declinam e colapsam.

A posição da mulher é a maior. As mulheres no Islã desfrutam este posto."

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A dificuldade é dialogar com uma cultura que afirma estes princípios, mas não parece, pelo menos aos nossos olhos, praticá-los.

Será tudo isto uma viés de interpretação ocidental?

Este tipo de questão é fundamental que seja compreendida, se algum dia imaginarmos que o conflito Leste-Oeste possa ser resolvido de uma forma definitiva.

O fato interessante é que estas afirmações do Imã Khomeini não são falsas. Antes do Islã era ainda pior. Meninas eram sacrificadas apenas por nascer meninas e mulheres eram consideradas como bens ou pior. O Islã, efetivamente melhorou o status da mulher na arábia medieval dando-lhe direitos que não possuíam.

O problema é cotejar esses direitos do ponto de vista do ocidente do século 21. A mulher nos países muçulmanos são sujeitas a restrições consideradas intoleráveis no ocidente.

O que existe após o Islã são condutas patriarcais tradicionais tribais, adotando práticas diferentes das que estão previstas no Corão.

Publicado inicialmente em: Conversando Sobre História

Série Alexandre e Seu Exército (Em Um Só Artigo)


Artigo único sobre a Série Alexandre e Seu Exército, que foi publicada em 15 postagens 
Publicado na Conversando Sobre História, em março.

Você tem toda a série em um só arquivo. 

sábado, abril 12, 2014

Oi, Olha a Hipocrisia Esquerdóide

Os defensores de direitos humanos, sempre de plantão em situações como estas, provavelmente desejavam que a Polícia Militar do Rio de Janeiro, cumprisse um legítimo mandado judicial que visava a reintegração de posse de um imóvel ocupado, tratando manifestantes que incendeiam ônibus, depredam agências bancárias e saqueiam supermercados, com flores na mão.

Mais um capítulo da hipocrisia que reza neste país quando questões sociais geradas por invasões inconsequentes, claramente orquestradas, desembocam em ações policiais.

Não há mais muito o que escrever sobre estes fatos de violência que já se tornaram corriqueiros e que são causados, desde junho de 2013, por um sentimento de que tudo pode neste país e que nada acontece em termos judiciais.

terça-feira, fevereiro 11, 2014

Badalem os "Sininhos" Para o Retorno das Mães ao Lar!

O século XX viu a chamada libertação da mulher decantada aos quatro ventos como uma conquista que as conduziu ao competitivo e estressante mercado de trabalho, aos poucos, em pé de igualdade com os homens.

Será uma conquista real ou uma vitória de Pirro?

Quando enxergamos esta juventude de certa forma abandonada, pretendendo pertencer a alguma coisa nem que sejam organizações criminosas ou terroristas no afã de se afirmarem como pertencentes ao mundo, a mensagem nos parece dizer outra coisa bem diferente do que vitória ou conquista.

Ações inconsequentes de jovens que não entendem suas próprias razões levam a acontecimentos como a morte de um cinegrafista cobrindo uma manifestação legítima se pacífica fosse e não infiltrada por "black-blocs", que se virados de cabeça para baixo e sacudidos, não cairia uma ideia sequer no chão, grupo tão pouco original, que sequer um nome nativo ostenta.

Sei perfeitamente que muitas vozes se levantarão sobre esta crítica ao abandono da mulher ao lar em prol da carreira como machismo, mas eu classifico como humanismo. Não estou negando a possibilidade da mulher se aventurar no mercado do trabalho, a vida moderna, da maneira que a estamos forjando, até exige isto, mas este é um terreno destinado para aquelas que conseguem conciliar as duas coisas e sabemos que muitas não conseguem priorizar a mais nobre das missões, muitas vezes por temerem serem ridicularizadas, pasmem, com o título de donas de casa.

O que é mais importante do que forjar a geração futura? Que carreira tem mais importância do que isto?

Não temos ilusão de imaginar que este movimento da mulher possa ser reversível, Não o é, mas precisamos começar a debater mecanismos sociais que compensem a ausência da mulher do lar, seja atuando diretamente sobre a criação de maiores privilégios para as próprias mulheres, como horários realmente flexíveis, tarefas que possam ser realizadas em casa, o que com o advento do moderno processamento de dados é uma realidade ou através de instrumentos de crescimento pessoal subsidiados, para evitar a estagnação cultural, um dos reclamos que fizeram a mulher colocar a administração da família em segundo plano.

Se continuarmos a olhar para esta situação sem nada fazer, podemos esperar para um futuro não muito distante, o aparecimento e crescimento de ações que estamos acostumados a ver apenas em países embrenhados em guerras ou conflitos étnicos e nos quais o terrorismo se instalou como chaga de uma sociedade doente. Aliás, os ataques a ônibus em várias capitais já é um prelúdio.

quarta-feira, janeiro 15, 2014

Minha Casa, Minha Dívida, Nossa Favela

As evidências do fracasso social do Programa Minha Casa Minha Vida são novos capítulos da tragédia de desmandos desta política assistencialista que vem corroendo a economia deste país por décadas, desde meados do século passado.

Não bastasse estarmos em anos eleitoral e o governo planejasse gastar mais um bilhão com o programa para garantir votos, surgem as notícias da situação em que se encontram os conjuntos habitacionais já entregues, nos quais existe falta de pagamentos, instalação de "gatos" de energia elétrica, puxadinhos, e é claro, o conhecido tráfico de drogas, além das complicações no convívio de pessoas, que segundo declarações dos próprios síndicos destas comunidades, não estavam preparados para morar em um condomínio e os estão transformando em favelas.

Fica claro que a montanha de dinheiro aplicada nestes programas eleitoreiros seria muito melhor empregada se destinada à educação e à saúde, destinações que se constituem nas únicas formas de combater o atraso social em que vivemos.

Mas os assistencialistas de plantão não permitem isso, querem perpetuar o instrumento de caça votos deste inepto sistema político brasileiro que é exercido inclusive na composição do apoio do governo no Congresso. A nefanda política do Toma-Lá-Dá Cá.

Vaga Certa, Será?



O recente anúncio pela prefeitura do Rio de Janeiro, de que irá instalar em breve um sistema inteiramente automatizado para controlar o estacionamento de veículos na cidade, nos parece mais uma quimera do País dos Coitadinhos.

Não estamos aqui contestando a iniciativa, pelo contrário a consideramos de extrema necessidade por afastar o oportunismo e porque não dizer a criminalidade que envolve a utilização dos chamados flanelinhas. Na foto de Gabriel Paiva/ O Globo o vendedor de talões desfila com um molho de chaves dos carros estacionados; ao fundo, um flanelinha que divide a rua com ele

Mas infelizmente estamos no País dos Coitadinhos e o exército de flanelinhas, coitadinhos, que ficarão sem ocupação certamente vão acordar o outro exército de assistencialistas que vem detonando a economia deste país desde há muito tempo, como já apontava Emil Farah em 1966.

Dificilmente, a Prefeitura do Rio irá encontrar uma solução que resolva este problema e certamente o que veremos é a ocupação, segundo o sindicato da categoria, deste 6 ou 7 mil guardadores, em atividades inúteis, encostados nas empresas que serão encarregadas de operar o sistema. Não existe empreendimento comercial que resista a isso.

Portanto, torcemos, mas pagamos para ver esta implantação até o fim do ano, como pretende a Prefeitura.

Nessa Terra, Nem O Futebol

A recente confusão no final do Campeonato Brasileiro de 2013 e seus desdobramentos na justiça, vem mostrando que nesta terra nem o futebol que era decantado como uma de suas riquezas, escapa da total falta de planejamento, jeitinhos e comportamento antiético que cada vez mais se estampa com marca registrada desta sociedade.

Independente de qualquer torcida clubista, mas olhando unicamente pelo bom senso, uma decisão nos foros desportivos que deveria bastar está sendo contestada e sendo objeto para minutos de fama de uma série de advogados de porta de xadrez que esperam com isso repercussão publicitária.

As manifestações de torcedores e pasmem, até de dirigentes, contra a decisão do Tribunal Esportivo, são completos absurdos demonstrando um total desconhecimento de como se exerce a lei tentando levar para a justiça decisões movidas pelas paixões puramente clubistas.

Nada pior internacionalmente e como desserviço para a imagem do país, já tão abalada pelos desmandos da preparação para a Copa, do que uma interrupção judicial do Campeonato Brasileiro de 2014 e pior ainda uma real virada de mesa visando acomodar 24 clubes no campeonato deste ano em um colossal jeitinho brasileiro.

Esperemos que a justiça comum, que está sendo chamada ao teatro por estes aproveitadores rejeite todas estas tentativas permanecendo a decisão do foro esportivo, evitando assim, prejuízos para a imagem do desporto brasileiro, já tão atingida.