quinta-feira, novembro 20, 2014

Não peide ao fazer uma ressonância magnética


Estou contando esta verdadeira, mas patética, história em solidariedade a outras almas torturadas que, incansavelmente, resistem e sobrevivem a extremas humilhações. Somos um grupo de idiotas, propensos a acidentes, que provocam situações embaraçosas regularmente, que seriam capazes de traumatizar permanentemente uma pessoa normal. A minha experiência esta semana será difícil de superar: eu peidei dentro de um aparelho de ressonância magnética.

Em termos médicos, eu tinha rompido o menisco, uma cartilagem que atua como um amortecedor entre a minha tíbia e o fêmur. Em termos de mulher de meia-idade, dois demônios do inferno invadiram meu corpo e acenderam fogueiras no meu joelho e depois dançaram por ali, cutucando os nervos abertos com garfos elétricos. A dor era muita mais do que intensa e o acidente tinha severamente danificado meu corpo a ponto de eu não poder nem ficar parada, nem caminhar, e nem ao menos rastejar até o bar de vinhos.

Após cinco dias de drogas induzidas, eu finalmente vi um cirurgião ortopédico. Ele manipulou meus joelhos até que as lágrimas escorressem pelo meu rosto e eu o ameaçasse de arrancar seus braços. Era óbvio que aquilo estava me machucando, pela maneira que eu arrancava pedaços dos cantos da mesa de exame. Eu silenciosamente prometi incluí-lo como personagem detestável no meu próximo conto. Finalmente, um lindo anjo me deu narcóticos autorizados. Logo minha perna devastada era uma grande piada, em faixas, e eu ria e ria.

Poucos dias depois, eu fiz a ressonância magnética - um procedimento de imagens que utiliza um campo magnético e ondas de rádio para fazer imagens de ligamentos e articulações danificadas. Um belo e jovem técnico me ajudou a entrar no tubo do terror e amarrou a minha perna. Eu, nervosamente, comentei que primeiro eu tinha que saber o nome dele, antes de dar autorização para ser amarrada em uma cama. Ele não riu, mas me mandou ficar quieta por 45 minutos. Então, lá estava eu, com dor, sofrendo de claustrofobia, movendo-me sobre uma esteira em direção à câmara de tortura branca, e eu não tinha ideia de como permanecer imóvel. E, para completar minha angústia, a minha única plateia não se divertia com as minhas piadas.

20 minutos mais tarde, eu comecei a ficar ansiosa. Eu estava amarrada em um túnel e só poderia ouvir ruídos estranhos e sons agudos e irritantes. Por mim eles estavam decidindo quais seriam as partes do meu corpo que iriam extrair e vender no mercado negro. Em seguida, uma sensação incômoda conseguiu prever que viria uma passagem de gás. Mordi a língua, me belisquei e tentei me concentrar em uma cena pastoral, em um prado verde ao lado de um riacho murmurante. Eu podia ouvir o conselho da minha mãe: "Segure fundo." Eu me mexi.

"Por favor, fique quieta", ouvi a voz que vinha do lado de fora do túnel da vergonha.

Eu observava como as luzes e os números revelavam o tempo que restava. Três minutos. Eu ia conseguir! Não! Meu corpo me traiu no último minuto. Eu estava presa e indefesa, assim que meu corpo nervoso fez o que faz melhor: ele peidou. Eu lancei gás com a intensidade e a convicção de uma equipe de lutadores de sumô depois de uma competição para ver quem comia mais pimenta. E o espaço confinado fez com que o som se amplificasse, como se uma dúzia de sirenes tivessem sido ativadas simultaneamente. Eu não sabia se chorava, ria, ou ligava para o meu filho e me gabava do feito.

"Bem, agora, eu acho que já temos imagens suficientes", disse o lindo técnico, suprimindo uma risada. A cama mágica foi retrocedendo rumo à liberdade, trazendo consigo o cheiro pútrido da decadência. Eu estava mortificada, já que meu prado imaginário se tornou um pasto devastado, cheio de esterco podre. Que diabos eu tinha comido? Evitei contato visual com o técnico tímido e manquei de volta para o vestuário. Mais uma vez, eu aceitei o meu destino de ser a relutante e perpétua palhaça, a excêntrica, aquela que peida durante um procedimento médico complicado.

Se eu precisar de outra ressonância, vou solicitar que seja no Texas. Todos peidam por lá.

Este artigo foi originalmente publicado pelo HuffPost US e traduzido do inglês.

O Nascimento da Dissenção Xiita - Sunita


Uma das mais dramáticas ocorrências na época da Dinastia Omaiada em 680, continua a afetar o Oriente Médio até hoje. O filho de Ali, genro de Maomé e 4º califa, Hussain foi massacrado pelas forças Omaiadas em Karbala, no Iraque.

Este evento violento deu nascimento à divisão Sunita-Xiita dentro do Islã. O massacre de Karbala é a origem da violência sectária que tem flagelado o povo do Iraque. Iraque.

Imediatamente à morte de Mu'awia o filho de Ali, Hussain alegou direitos ao califado. esta posição, naturalmente o colocou em rumo de colisão contra Yasid (o filho do Califa Omáiada Mu'awia) que se considerava o califa por direito. Iraque.

Hussain era apoiado por uma grande facção que o o seguia devido aos seus laços com Maomé (ele era neto de Maomé). Iraque.

O exército de Hussain e um pequeno grupo de seguidores foram capturados perto de Karbala. Os Omaiadas executaram totalmente o grupo. Depois cortaram a cabeça de Hussain e a enviaram, para Yasid, em Damasco. Iraque.

O horror e choque da atitude enfureceu muitos muçulmanos. Iraque.

Hussain afinal era neto de Maomé. O massacre provocou o cisma dentro do Islã. Os seguidores de Hussain ficaram conhecidos como Xiitas (Casa de Ali) enquanto o seguidores dos Omaiadas (a maioria dos muçulmanos) se tornaram conhecidos como Sunitas. Iraque.

Hussain e seus irmãos estão enterrados em Karbala. Os Xiitas consideram a cidade como sagrada e todos os anos no aniversário do massacre , os Xiitas se envolvem em atos de autoflagelação, como uma penitência simbólica por não terem ajudado a salvar Hussain. Iraque.

Fonte: Understanding The Middle East, Edward Trimnell. Iraque.

Imagem: Batalha de Karbala Alguns direitos reservados por: https://www.flickr.com/photos/harveypekar/ (Todos os tamanhos desta foto estão disponíveis para download sob uma licença Creative Commons).

Originalmente publicado em Conversando Sobre História.

quinta-feira, novembro 06, 2014

Cuidado com o que lê nas Redes Sociais + Gramsci

Quem nos acompanha sabe que a decepção bateu nas primeiras horas após o resultado das eleições, mas desde o começo sempre manifestei minha opinião que auditoria e recontagem com o sistema atualmente implantado, sem comprovante impresso da votação seriam inúteis e só serviriam para abalar a reputação internacional do país e o que considerava que devia ser feito seria a capitalização política, pela oposição, dos mais de 51 milhões de votos do Aécio.

Nestas primeira horas, confesso, até me deixei levar por algumas ideias, que pensando com mais clareza 24 ou 48 horas depois considerei não só ineficazes como ridículas. Uma delas a petição à Casa Branca.

Com o passar dos dias comecei a identificar um certo exagero daqueles que estão postando todo este ódio nas redes sociais, às vezes esquentando notícias passadas, algumas de vários anos, que o leitor desprevenido pensa que são cotidianas. Estas pessoas não estão discutindo ideias, estão criando um estado de ânimo para um suposto "impeachment" que sabemos não vai ocorrer. Denunciar, repassar fatos políticos ou denúncias de corrupção mostrados pela mídia é uma coisa, mas o que estão fazendo é fomentar ódio e ressentimentos.

Vi um vídeo de uma conversa, aparentemente pelo Skipe, entre Olavo de Carvalho e o músico Lobão, que é simplesmente patético caracterizado por um baixíssimo nível do discurso. Percebi a injusta avalanche de insultos ao Xico Graziano, antigo colaborador ou assessor do PSDB (FHC), em seu perfil no Facebook, quando começou a criticar o que anda por ai nas redes sociais.

Então, considero o discurso de hoje à tarde do Aécio no Senado, exatamente, o que eu esperava; ele assumiu a liderança da oposição em nome de mais de 51 milhões e exigiu condições para o diálogo. Enquanto isso, membros desta turma radical nas redes sociais afirmam que Aécio os traiu. Dá para identificar logo o que esta gente pretende. É preciso separar o joio do trigo se queremos, realmente, contrapor o que está ai, dentro da democracia e do estado de direito.

Os que me conhecem sabem que não pertenço a nenhum partido, sou apenas brasileiro, preocupado, nem mesmo comigo, mas com o futuro dos meus, por enquanto, cinco netos.

Todo mundo sabe que a ideologia do PT vem deste calhorda italiano. Mas alguém perguntaria: O Lula leu Gramsci? É claro que não, nunca leu nada, mas não se pode desconsiderar, o que seria um burrice, que ele é esperto e com o tempo assimilou o discurso dos ideólogos do PT. Na verdade, existe um aparente paradoxo : O PT é um produto do Lula ao mesmo tempo que o Lula se tornou produto do PT.



Exemplo 1:.

"As necessidades para todo movimento cultural que pretenda substituir o senso comum e as velhas concepções do mundo em geral, a saber: 1) não se cansar jamais de repetir os próprios argumentos (variando literariamente a sua forma): a repetição é o meio didático mais eficaz para agir sobre a mentalidade popular; 2) trabalhar incessantemente para elevar intelectualmente camadas populares cada vez mais vastas, isto é, para dar personalidade ao amorfo elemento de massa, o que significa trabalhar na criação de elites de intelectuais de novo tipo, que surjam diretamente da massa e que permaneçam em contato com ela para tornarem-se os seus sustentáculos." [Posição 817 Kindle]

Querem mais, então observem o pensamento Gramsciano que move a politica educacional do PT, através da manipulação desde tenra idade das crianças na Escola:

Exemplo 2

"O fato de que uma multidão de homens seja conduzida a pensar, coerentemente e de maneira unitária, a realidade presente é um fato "filosófico" bem mais importante e "original" do que a descoberta, por parte de um "gênio" filosófico, de uma nova verdade que permaneça como patrimônio de pequenos grupos de intelectuais."

[Posição Kindle 640]

terça-feira, novembro 04, 2014

Hegemonia


Este texto do Reinaldo Azevedo precisa ser lido e disponibilizado na Integra como também deve ser lida na íntegra a resolução recente do PT (3/11) cujo link está disponibilizado no texto. Melhor ainda, quem quiser realmente entender o que se passa deve ler Gramsci. Existe versão gratuita, em português, na Amazon

O texto da resolução do PT não é absolutamente transparente, as mensagens são subliminares, evidentemente engana muita gente, mas é suficientemente claro para qualquer um que tenha um mínimo de instrução e não esteja perto do analfabetismo funcional. Embora a liderança saiba bem o que busca, acredito que grande parte da militância do PT sequer entende o que etá escrito.

A situação é grave, continuo achando que a solução não é contestação das urnas, recontagem ou auditoria, mas a mobilização dos mais de 51 milhões que não votaram diretamente na Dilma, somados aos mais os cerca de 6 milhões que votaram nulo e branco. Estou desconsiderando as abstenções, pois entre elas não podemos exatamente contabilizar oposição. Como disse o Reinaldo, o PT considera estes 57 milhões como fascistas, homofóbicos e racistas e não os trata como adversários. mas como inimigos a serem eliminados.

Leia o artigo de:
Artigo Reinaldo Azevedo