quinta-feira, outubro 27, 2011

Preconceito Mata

Acompanho bastante as discussões sobre homofobia e casamento entre pessoas do mesmo sexo, que se desenvolvem, atualmente, em nossa sociedade.

Tenho a consciência e a certeza (eu acho) que não sou homofóbico e me sustento para afirmar isso em alguns fatos concretos.

Além de ter um ou dois amigos homossexuais, o fato de artistas e cientistas se declararem ser homossexuais não retira a minha admiração por eles. Assim, Somerset Maugham é meu autor preferido ao ponto de prezar sua escrita, de tal forma, que não me permito lê-lo a não ser na forma original. Não por pedantismo ou qualquer outra atitude elitista, mas por considerar que Maugham é um daqueles artistas da literatura que não merecem ser lidos em traduções que não o merecem.

Exemplificando no lado da ciência, me revolta enormemente a morte trágica de Alan Turing, em 1954, que acabou não resistindo á pressão social na Inglaterra dos anos 50 e se suicidou aos 41 anos privando a humanidade de sua genialidade que poderia ainda ser compartilhada por todos nós se sua vida e seu trabalho não tivessem sido interrompidos tão prematuramente.

Turing criou o teste que até hoje nenhum computador ainda passou, mas que devem ultrapassar, espera-se, ao redor da década de 40 desse século, quando então entraremos no que os matemáticos e cientistas denominam de Singularidade Tecnológica. Além disso contribuiu enormemente com os aliados durante a 2ª Guerra Mundial ao decifrar o código cifrado ENIGMA. das comunicações entre os U-Boats alemães.

Apesar de para mim esse meu comportamento relatado acima em relação aos homossexuais me autoriza a não me enquadrar como homofóbico, não consigo ainda aceitar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Eu digo ainda, pois estou elaborando racionalmente essa questão.

A minha oposição não se pauta em qualquer crença religiosa, pois não as tenho, mas por pura compatibilidade com a natureza. Enxergo a relação homossexual como regulada, excessivamente, pelo prazer hedonístico, diferentemente, da relação heterossexual na qual a criação dos filhos confere um maior equilíbrio entre o puro prazer sexual na relação e a construção de uma vida companheira a dois que envolve a formação de outros seres humanos.

Alguns levantarão contra essa meu argumento que a ideia do casamento entre pessoas do mesmo sexo viria exatamente trazer o equilíbrio com a possibilidade de não só regular questões de direito civil, mas também permitir a adoção de crianças e a constituição de uma família à semelhança da relação heterossexual.

É exatamente esse ponto que não está claro na minha cabeça. Não consigo ver normalidade em uma criança crescer com dois pais sem uma mãe ou com duas mães sem um pai. O argumento que isso é melhor do que crianças abandonadas em asilos ou nas ruas, ainda não me convence. Que tipo de pessoas estaremos forjando sob esse ambiente. Ninguém pode responder isso levando em conta uma larga escala, casos isolados não são suficientes para nos dar uma ideia do que estamos fazendo com a sociedade do futuro.

Por outro lado, acho que o casamento entre pessoas do mesmo sexo é uma corrente crescente e que vai atropelar a sociedade independente de ainda existirem resistências. O importante é que continuemos discutindo essa questão para que pessoas como eu venham talvez um dia a ceder aos argumentos em favor desse movimento que me parece inexorável e formemos uma sociedade harmoniosa com boa convivência entre todos.