sábado, dezembro 10, 2011

Subprodutos da Energia Nuclear


A Marinha Brasileira decidiu construir e operar submarinos nucleares baseando a escolha da opção apenas por critérios de estratégia naval, desprezando todos os demais critérios que poderiam influir nessa decisão.

A decisão trouxe a necessidade, também estratégica, de enriquecermos no país o urânio que precisamos. É claro, não só então para os submarinos, mas também para as centrais de energia.

Um dos subprodutos imediatos do enriquecimento do urânio é o DUF6 (urânio empobrecido)

Jamais chegaremos ao nível do inventário dos E.U.A, que atingiram a espantosa quantidade de 704.000 t de DUF6 , estocada em cerca de 57000 cilindros, mesmo porque muito desse produto é legado da guerra fria, mas em alguns anos estaremos estocando alguns milhares de toneladas também.

Estamos preparados para as consequências?

Aprendemos com EUA que assumiram problemas nessa estocagem?

Além disso, para limpar os sítios (D&D Descontaminar & Descomissionar), vão gastar US$ 40 bilhões e vão levar 40 anos para concluir. Iniciaram em 1997 e pretendem terminar em 2040.

Eu acho extraordinário termos desenvolvido a tecnologia de enriquecimento de urânio, mas temo pelas consequências do nosso "jeitinho brasileiro" no trato desse materiais.

A decisão é uma ação de Estado, já foi tomada, mas precisamos fiscalizar e fiscalização do poder público é uma atividade na qual não somos muito eficazes. Quando se trata de materiais perigosos a quantidade importa pouco. Lembremo-nos de Goiânia.

Leia um pouquinho sobre os problemas do DUF6

terça-feira, dezembro 06, 2011

Submarinos Nucleares: Descomissionamento - Parte 2



Publicamos a segunda parte do artigo sobre descomissionamento de submarinos.

Em breve, na MPHP mais um artigo abordando essa iniciativa da Marinha e suas sérias consequências que exigem um gerenciamento de rejeitos cuidadoso. Por trás da utilização da energia nuclear existem inúmeros problemas a serem gerenciados, em sua maioria desconhecidos do grande público.

Um desses problemas deixo aqui em foram de pergunta a ser respondida no artigo a ser ainda publicado.

O que é feito do urânio empobrecido DU (Depleted Uranium) que sobra como subproduto do enriquecimento do urânio para uso nos reatores nucleares? Como este material extremamente tóxico, embora de baixa radioatividade, (meia vida de 4,5 bilhões de anos) está sendo armazenado ou será armazenado?

O Brasil se prepara para fornecer todo o urânio enriquecido de suas centrais nucleares (Angra 1 e Angra 2 e Angra 3) e no futuro para seus submarinos. Quando essa primeira fase acontecer estaremos produzindo cerca de 80 toneladas de urânio enriquecido por ano e cerca de 400 toneladas de urânio empobrecido (DU), que deverão ser armazenados em tambores.

Os E.U.A., vai gastar em 40 anos, desde 1997 até 2040, US 20 bilhões para descontaminar e descomissionar os sites de produção do urânio enriquecido. Estamos incorporando a experiência deles, nascidas com seus erros, para não cair em custos elevados na ocasião de D&D, mesmo levando em conta a nossa menor escala?

Temos que ficar de olho.