Quando se pensa sobre os conflitos no oriente médio a questão que deve ser logo colocada na mesa é a seguinte:
Não existem mocinhos e bandidos, os dois lados incorporam as duas qualificações em épocas e situações distintas ao longo da história. Ora um lado é o mocinho ora o outro e vice-versa.
Não pretendo fazer um resumo completo dos problemas do oriente médio pois isso começaria pela Antiguidade Babilônia e Mesopotâmica e se seguiria pelos Impérios Romano e Bizantino, pelo Império Otomano,pela Idade Média,pelo Iluminismo, pelos séculos 20 e 21, e cada passagem dessa merece um livro individual.
Podemos identificar as raízes deste conflito após a dispersão dos judeus durante o império romano para o Oriente Médio e Europa.
Quando a Palestina se tornou possessão bizantina, nos anos 300, os cristãos bizantinos eram, particularmente, hostis aos judeus.
As Cruzadas a Terra Santa foram desastrosas para os judeus residentes na Palestina, que se tornaram os alvos dessas cruzadas. Com o domínio otomano a situação melhorou um pouco pelo menos até a metade do século 19 , pois o declínio do poderio otomano impunha pesadas taxas a qualquer residente da Palestina, independente da religião.
Os acontecimentos na Europa logo criaram novas ondas de imigrações de judeus para a Palestina onde o antissemitismo era um tema recorrente desde as Cruzadas, pois os cruzados usavam a crucificação como mote para assassinar judeus sob o pretexto destes serem os "assassinos de Cristo". Apesar disto, a situação na Europa variava de país para país.
Então, nasce o Sionismo como reação ao antissemitismo, através de uma série de manifestações escritas. Ao final de 1870, havia cerca de 25.000 judeus na Palestina multiplicando a população judaica na área o que conduzia a conflitos com a população árabe. Inicia-se o pleito da população judaica pela instalação de um estado judeu na região.
A partir deste momento este povo disperso acaba ganhando a simpatia mundial para estabelecer seu estado entre as nações do mundo, o que é completado em 1948, pela Assembleia das Nações Unidas. Com isso, a pequena faixa de terra localizada ao longo do Mediterrâneo, entre o Líbano e o Egito, tornou-se alvo de disputas entre judeus e palestinos.
As reações de países árabes como Síria, Egito, Iraque Jordânia e Líbano levaram às guerras de 1949 e 1967 (a chamada Guerra dos Seis Dias). Nestas guerras Israel aumentou deu domínio territorial na região, através de conquistas de territórios egípcios e sírios como a península do Sinai a Faixa de Gaza e as colinas de Golan.
Entre estas guerras tivemos a crise do Canal de Suez quando o Egito aproveitou o anúncio da retirada britânica de tropas na região e expeliu os oficiais britânicos da Zona do Canal, nacionalizando-o. Em uma rara oportunidade de cooperação das superpotências, os ingleses e franceses, que estavam preocupados com a possibilidade de Nasser, controlar o canal, foram obrigados pelos EUA e URSS a se retirar. Uma força internacional da ONU, composta de tropas de vários países, inclusive o Brasil,protegeu a zona do Canal.
A retaliação árabe veio anos mais tarde após a morte de Nasser e a ascensão de Anwar Sadat, que embora aparentemente mais moderado que seu antecessor, foi forçado a retrucar a humilhação de 1967 na tentativa de recuperar terras no Sinai. Foi a Guerra do Yon Kippur ou, como denominada pelos árabes, Guerra do Ramadan em 1973. As forças armadas judaicas desta vez não repetiram as atuações estelares de 1949 e 1967. A Síria recuperou parte das colinas de Golan e o Egito parte do Sinai. Depois doa crise dos mísseis de cuba em 1961, este foi o momento de maior tensão nuclear na guerra fria entre os EUA e a então União Soviética.
Como escrevi no início, um resumo mais completo sobre toda esta questão seria muito mais do que estas poucas linhas e precisaria também incluir relatos sobre as influências que as participações dos britânicos, até pouco após a 2ª Guerra Mundial e dos americanos, principalmente após a 2ª Guerra Mundial e o comercio mundial de petróleo tiveram no desenvolvimento desses acontecimentos.
Originalmente Publicado em Conversando Sobre História.