sexta-feira, agosto 08, 2014

Refletindo: Conflitos Israel-Palestina



Quando se pensa sobre os conflitos no oriente médio a questão que deve ser logo colocada na mesa é a seguinte:

Não existem mocinhos e bandidos, os dois lados incorporam as duas qualificações em épocas e situações distintas ao longo da história. Ora um lado é o mocinho ora o outro e vice-versa.

Não pretendo fazer um resumo completo dos problemas do oriente médio pois isso começaria pela Antiguidade Babilônia e Mesopotâmica e se seguiria pelos Impérios Romano e Bizantino, pelo Império Otomano,pela Idade Média,pelo Iluminismo, pelos séculos 20 e 21, e cada passagem dessa merece um livro individual.


Podemos identificar as raízes deste conflito após a dispersão dos judeus durante o império romano para o Oriente Médio e Europa.

Quando a Palestina se tornou possessão bizantina, nos anos 300, os cristãos bizantinos eram, particularmente, hostis aos judeus.

As Cruzadas a Terra Santa foram desastrosas para os judeus residentes na Palestina, que se tornaram os alvos dessas cruzadas. Com o domínio otomano a situação melhorou um pouco pelo menos até a metade do século 19 , pois o declínio do poderio otomano impunha pesadas taxas a qualquer residente da Palestina, independente da religião.

Os acontecimentos na Europa logo criaram novas ondas de imigrações de judeus para a Palestina onde o antissemitismo era um tema recorrente desde as Cruzadas, pois os cruzados usavam a crucificação como mote para assassinar judeus sob o pretexto destes serem os "assassinos de Cristo". Apesar disto, a situação na Europa variava de país para país.


Então, nasce o Sionismo como reação ao antissemitismo, através de uma série de manifestações escritas. Ao final de 1870, havia cerca de 25.000 judeus na Palestina multiplicando a população judaica na área o que conduzia a conflitos com a população árabe. Inicia-se o pleito da população judaica pela instalação de um estado judeu na região. 
A partir deste momento este povo disperso acaba ganhando a simpatia mundial para estabelecer seu estado entre as nações do mundo, o que é completado em 1948, pela Assembleia das Nações Unidas. Com isso, a pequena faixa de terra localizada ao longo do Mediterrâneo, entre o Líbano e o Egito, tornou-se alvo de disputas entre judeus e palestinos.



As reações de países árabes como Síria, Egito, Iraque Jordânia e Líbano levaram às guerras de 1949 e 1967 (a chamada Guerra dos Seis Dias). Nestas guerras Israel aumentou deu domínio territorial na região, através de conquistas de territórios egípcios e sírios como a península do Sinai a Faixa de Gaza e as colinas de Golan.

Entre estas guerras tivemos a crise do Canal de Suez quando o Egito aproveitou o anúncio da retirada britânica de tropas na região e expeliu os oficiais britânicos da Zona do Canal, nacionalizando-o. Em uma rara oportunidade de cooperação das superpotências, os ingleses e franceses, que estavam preocupados com a possibilidade de Nasser, controlar o canal, foram obrigados pelos EUA e URSS a se retirar. Uma força internacional da ONU, composta de tropas de vários países, inclusive o Brasil,protegeu a zona do Canal.

A retaliação árabe veio anos mais tarde após a morte de Nasser e a ascensão de Anwar Sadat, que embora aparentemente mais moderado que seu antecessor, foi forçado a retrucar a humilhação de 1967 na tentativa de recuperar terras no Sinai. Foi a Guerra do Yon Kippur ou, como denominada pelos árabes, Guerra do Ramadan em 1973. As forças armadas judaicas desta vez não repetiram as atuações estelares de 1949 e 1967. A Síria recuperou parte das colinas de Golan e o Egito parte do Sinai. Depois doa crise dos mísseis de cuba em 1961, este foi o momento de maior tensão nuclear na guerra fria entre os EUA e a então União Soviética.

A partir então dos anos 70 a visão de bom moço de Israel de 1948, que tentava estabelecer para seu povo disperso um estado nacional, se alterou para alguns, que começaram a entendê-la como a de um agressor imperialista. Por outro lado, em 1972, durante as Olimpíadas de Berlim, o mundo começou a tomar conhecimento do terrorismo em suporte à causa Palestina e de lá para cá o nome de organizações como Hamas e Hezbolá começaram a fazer parte do noticiário da mídia internacional, produzindo a confusa e insolúvel situação que enxergamos nos dias de hoje. Os palestinos que tomaram os reféns pertenciam a um grupo chamado Setembro Negro. Na época, o líder da OLP (Organização Para Libertação da Palestina) Yasser Arafat, afirmou que não havia conexão entre a OLP e o grupo Setembro Negro. Em 1999 esta conexão foi confirmada em um livro escrito pelo líder do Setembro Negro, Abou Daoud.

Em Dezembro de 1988, o líder da OLP, Yasser Arafat, anunciou duas importantes mudanças em sua plataforma de organizações: O grupo renunciou formalmente o uso do terrorismo e concordou como direito da existência do estado de Israel. A ONU havia reconhecido a OLP como representante dos Palestinos em 1998, mas somente após estas declarações, os EUA concordaram em negociar com a representação da OLP.

Como escrevi no início, um resumo mais completo sobre toda esta questão seria muito mais do que estas poucas linhas e precisaria também incluir relatos sobre as influências que as participações dos britânicos, até pouco após a 2ª Guerra Mundial e dos americanos, principalmente após a 2ª Guerra Mundial e o comercio mundial de petróleo tiveram no desenvolvimento desses acontecimentos.

Originalmente Publicado em Conversando Sobre História.


Um comentário:

Aloiziomonteiro@gmail.com disse...

Como os árabes passaram a dominar a região a partir do ano 1099 DC, a posse da terra ficou assegurada pelo transcurso desse longo período de história. Se formos remontar aos tempos bíblicos, a questão nunca se acabará. Porém, se a análise for feita a partir da existência da Liga das Nações e da ONU, torna-se possível chegar a um consenso aceitável, de forma a evitar o genocídio que se prenuncia.