terça-feira, junho 17, 2014

Homossexualidade Grega


Um dos temas mais controversos da antiguidade é a descrição do fenômeno de comportamentos e sentimentos homossexuais que são encontrados na literatura e na arte grega entre o oitavo e o segundo séculos AEC.

Para o propósito da argumentação nesta postagem, homossexualidade é definida como a disposição para buscar prazer sensorial através do contato corporal com pessoas do mesmo sexo, em vez da preferência pelo sexo oposto.

Pode muito bem existir outros propósitos para os quais esta definição seria superficial e inadequada; mas a cultura grega difere da nossa na disposição para reconhecimento da alternação entre orientações homossexual e heterossexual no mesmo indivíduo, em sua negativa implícita de que tal alternação ou coexistência cria problemas peculiares para o indivíduo ou para a sociedade, em sua compreensiva resposta para expressões abertas de desejo homossexual em palavras e comportamentos, e em seu gosto pelo tratamento desinibido de temas homossexuais na literatura e nas artes visuais.

Como e quando e porque a homossexualidade aberta e não reprimida tornou uma característica tão evidente é um tema sujeito a especulações. Debates violentos, escritos entusiasmados, o silêncio envergonhado, vôos de fantasia: poucos aspectos da sociedade na antiguidade são tão contestados como a pederastia grega, ou, como veremos a seguir, homossexualidade.

Desde que o britânico K.J. Dover publicou seu influente e clássico livro "Greek Homosexuality", mostrado na imagem, uma avalanche de novos estudos tem aparecido.

Muitos estudiosos preferem a abordagem histórica e estão convencidos de que a pederastia teve origem em ritos de iniciação do Dórios. Os dórios foram a última tribo a migrar para a Grécia, e eles são geralmente descritos como verdadeiros He-men, com uma cultura muito masculina. De acordo com os defensores desta teoria, a pederastia veio a se estabelecer ma ilha de Creta, onde os homens crescidos costumavam sequestrar adolescentes. Supõe-se que esta prática se espalhou a partir de Creta para o continente grego. Na cidade de Esparta, não era incomum que um guerreiro cuidasse de um recruta e ficasse ao seu lado no campo de batalha, onde os dois homens bravamente protegiam um ao outro.

Especialmente nos círculos aristocráticos, acredita-se que a pederastia era comum. Há, de fato, um grande número de fotos em vasos que mostram como um amante mais velho, o erastes, corteja um menino, os eromenos. Eles parecem não ser da mesma idade: o erastes tem uma barba e desempenha um papel ativo, enquanto que o adolescente não tem barba e permanece passivo. Ele nunca vai tomar uma iniciativa, parece tímido, e se acredita que não gostava da união sexual.

Seu amante mais velho chega ao orgasmo por contato anal ou intercrural ("Intercrural" significa que os erastes movia seu pênis entre as coxas do rapaz) Em um vaso, você nunca vai ver um menino com uma ereção, mesmo quando seus erastes toca seus genitais . Muitos estudiosos modernos assumem que, assim que o adolescente tinha uma barba, o caso de amor tinham de ser encerrado. Então, ele precisava encontrar uma eromenos para si

Também, ao contrário do que é alardeado, era certamente vergonhoso quando um homem com uma barba permanece como parceiro passivo (pathikos) e era ainda pior quando um homem se permitir ser penetrado por outro homem adulto. Os gregos ainda tinha uma expressão pejorativa para essas pessoas, a quem denominavam kinaidoi. Eles eram alvos de zombaria pelos demais cidadãos, especialmente escritores de comédia, como Aristófanes.

Portanto, deve-se ter cuidado ao atribuir-se práticas do século 21 relacionadas com o amor entre pessoas do mesmo sexo, com a mesma significância na antiguidade

Este é um tema extenso que jamais daria para ser abordado eu uma postagem. Consiste em tema de livros inteiros, portanto, para não emitirmos conceitos deturpados, é importante que se conheça trabalhos corajosos e pioneiros, como este apresentado nesta postagem, bem como os que se sucederam, para se entender verdadeiramente como funcionava a dita homossexualidade na antiguidade, aliás um termo específico da modernidade e que não se aplicaria às práticas dos antigos gregos.

Este é um tema que precisa ser tratado com a seriedade que estamos tratando aqui, para evitar as bobagens históricas que são ditas, tanto para exaltar como para ridicularizar. Eu convido a todos que se interessam pelo estudo da história e dos costumes, a se despirem de preconceitos e refletirem sobre esta pequena postagem e se possível, tentar obter este e outros livros de diversos autores sobre o tema. Outra alternativa é a busca de artigos na Internet. Existem alguns muito bons.

Originalmente Postado em: Conversando Sobre História

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