quarta-feira, setembro 02, 2015

Adeus aos Olavetes


Recentemente me filiei à rede TheRealTalk, uma iniciativa de Olavo de Carvalho e seu grupo.

Não sou discípulo de Olavo ou “Olavete” como alguns denominam o séquito de admiradores que se curvam em adoração ao, autodenominado filósofo, Olavo de Carvalho. 
Não nego que algumas ideias do Olavo me agradam e exatamente por elas embarquei nesta aventura, mas não concordo com muitas coisas que ele propaga, em especial sua intelectualmente suspeita adesão a um catolicismo fundamentalista, depois de uma história com astrologia, esoterismo e até misticismo islâmico. Possivelmente, essa conveniente conversão tenha a ver com se situar sobre o tecido de um segmento cultural religioso mais adequado a propiciar um sectarismo em torno de suas ideias. 

Eu apenas procurava a rede nova como uma alternativa para o Facebook, onde o terreno é recheado de abobrinhas que torna impossível a sustentação de qualquer debate sério.

Já estou na nova rede por 15 dias e ela apresenta os mesmos tipos de problemas do Facebook, o que não é de se espantar, pois é um aglomerado virtual dos mesmos seres humanos que habitam o Facebook. Então, é claro, logo se percebem os "desmascaradores", os vigilantes macartistas, os donos da verdade, mas existe uma espécie nova; os discípulos de Olavo, que batem palma para tudo que seu mestre publica sem contestação ou análise.

Tentei me colocar distante das “verdades” cristãs e minhas postagens se concentraram mais na política e história, onde abordei, preferencialmente, o problema da ameaça mundial islâmica e logrei até ter um comentário e uma curtida do próprio Olavo de Carvalho.

Para conhecer Olavo procurei ler suas obras de cunho filosófico, em especial Jardim das Aflições, Aristóteles em Nova Perspectiva e a Nova Ordem Mundial, cujas resenhas produzi e publiquei na Amazon. Respeito Olavo e sua vasta cultura, mas me reservo o direito de não ser discípulo cego.

Acontece, que começa a me aborrecer a enxurrada de postagens religiosas enaltecendo A ou B ou C da doutrina católica e criticando o Papa Francisco, por sua aparente adesão à agenda 21 e outras decisões, o que por acaso me parece até algo a ser considerado, principalmente quando a grande mídia começa a endeusá-lo. Também incomoda o fato de a maioria dos “olavetes”, pelo menos os tradicionais, seguir estritamente a tática do mestre de trocar argumentação por palavrões e grosserias e ataques ad-hominem. Então, na linha do tempo do TheRealTalk proliferam expressões como “vai tomar no cu” e outras similares.

A gota d’água que encheu meu copo foi uma postagem de um fã de Olavo com um vídeo do próprio Olavo criticando supostamente ateístas e as pesquisas sobre Jesus Histórico. As análises do Olavo para criticar os estudos do Jesus Histórico, que na sua maioria são estudos filológicos e históricos profundos realizados por judeus, ex-cristãos ou até mesmo cristãos praticantes, e não necessariamente por ateístas, são de um primitivismo e uma superficialidade que irrita e ofende a inteligência. Mas, obviamente, elas recebem o aplauso e a adoração intelectual de toda a sua trupe de seguidores. Eu já havia visto um outro vídeo do Olavo em que ele se referia aos ateístas e agnósticos como criminosos imputando-lhes os crimes do comunismo como se fossem deles, perpetrando um descarado sofisma. Foi nesse momento que a
té pensei que poderia ser excluído, pois nos comentários manifestei minha independência em relação ao mestre frente a este tema. Mas, como o comentário não foi em uma postagem do próprio, acho que passou batido.

Não vou sair, pois encontrei pessoas com quem realmente vale a pena interagir, mas não vou participar tanto como vinha fazendo diariamente, até mais do que no meu Facebook. Pensei que encontraria um ambiente em que obteria novas informações, debates profícuos e referências bibliográficas e percebo que o espaço apesar de servir bem a este propósito também está contribuindo para aumentar meu conhecimento de palavrões e novas expressões chulas para descrever o momento brasileiro atual. Vou me manter orbitando como alguns que, como eu, não são inteiramente conectados a tudo que o Olavo escreve e doutrina, trocando ideias com pessoas que, sei não são poucas na rede, também passam ao largo das discussões religiosas, tanto quanto possível.

Adeus Olavetes! Estou por aqui, mas na minha!

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