Este blog é vinculado ao site MPHP.org e servirá como canal de notícias entre as atualizações do site além de um meio de contato interativo com os visitantes da MPHP. Você pode acessar o site clicando no link da MPHP, na seção de Links, na lateral direita. Comente à vontade nossos posts.
quarta-feira, dezembro 28, 2011
sábado, dezembro 10, 2011
Subprodutos da Energia Nuclear
A Marinha Brasileira decidiu construir e operar submarinos nucleares baseando a escolha da opção apenas por critérios de estratégia naval, desprezando todos os demais critérios que poderiam influir nessa decisão.
A decisão trouxe a necessidade, também estratégica, de enriquecermos no país o urânio que precisamos. É claro, não só então para os submarinos, mas também para as centrais de energia.
Um dos subprodutos imediatos do enriquecimento do urânio é o DUF6 (urânio empobrecido)
Jamais chegaremos ao nível do inventário dos E.U.A, que atingiram a espantosa quantidade de 704.000 t de DUF6 , estocada em cerca de 57000 cilindros, mesmo porque muito desse produto é legado da guerra fria, mas em alguns anos estaremos estocando alguns milhares de toneladas também.
Estamos preparados para as consequências?
Aprendemos com EUA que assumiram problemas nessa estocagem?
Além disso, para limpar os sítios (D&D Descontaminar & Descomissionar), vão gastar US$ 40 bilhões e vão levar 40 anos para concluir. Iniciaram em 1997 e pretendem terminar em 2040.
Eu acho extraordinário termos desenvolvido a tecnologia de enriquecimento de urânio, mas temo pelas consequências do nosso "jeitinho brasileiro" no trato desse materiais.
A decisão é uma ação de Estado, já foi tomada, mas precisamos fiscalizar e fiscalização do poder público é uma atividade na qual não somos muito eficazes. Quando se trata de materiais perigosos a quantidade importa pouco. Lembremo-nos de Goiânia.
Leia um pouquinho sobre os problemas do DUF6
terça-feira, dezembro 06, 2011
Submarinos Nucleares: Descomissionamento - Parte 2
Publicamos a segunda parte do artigo sobre descomissionamento de submarinos.
Em breve, na MPHP mais um artigo abordando essa iniciativa da Marinha e suas sérias consequências que exigem um gerenciamento de rejeitos cuidadoso. Por trás da utilização da energia nuclear existem inúmeros problemas a serem gerenciados, em sua maioria desconhecidos do grande público.
Um desses problemas deixo aqui em foram de pergunta a ser respondida no artigo a ser ainda publicado.
O que é feito do urânio empobrecido DU (Depleted Uranium) que sobra como subproduto do enriquecimento do urânio para uso nos reatores nucleares? Como este material extremamente tóxico, embora de baixa radioatividade, (meia vida de 4,5 bilhões de anos) está sendo armazenado ou será armazenado?
O Brasil se prepara para fornecer todo o urânio enriquecido de suas centrais nucleares (Angra 1 e Angra 2 e Angra 3) e no futuro para seus submarinos. Quando essa primeira fase acontecer estaremos produzindo cerca de 80 toneladas de urânio enriquecido por ano e cerca de 400 toneladas de urânio empobrecido (DU), que deverão ser armazenados em tambores.
Os E.U.A., vai gastar em 40 anos, desde 1997 até 2040, US 20 bilhões para descontaminar e descomissionar os sites de produção do urânio enriquecido. Estamos incorporando a experiência deles, nascidas com seus erros, para não cair em custos elevados na ocasião de D&D, mesmo levando em conta a nossa menor escala?
Temos que ficar de olho.
segunda-feira, novembro 07, 2011
Grupo Jesus Histórico: 10 Anos
No próximo dia 7 de dezembro se completam dez anos da inauguração do Grupo Jesus Histórico no YahooGroups . Desde então cerca de 500 pessoas já passaram por lá e cerca de 120 ainda continuam discutindo esse instigante tema.
Durante os anos de 2010 e 2011 a atividade decresceu bastante em virtude de problemas circunstâncias envolvendo o moderador e organizador da Lista.
Nesse momento, a Lista está tentando voltar aos tempos áureos de atividade de 2006-2009 e para isso está promovendo sorteios de livros sobre o tema objeto das discussões e debates.
Se você se interessa por este tema, acesse agora mesmo a Lista e solicite seu ingresso.
Esperamos você lá.
Durante os anos de 2010 e 2011 a atividade decresceu bastante em virtude de problemas circunstâncias envolvendo o moderador e organizador da Lista.
Nesse momento, a Lista está tentando voltar aos tempos áureos de atividade de 2006-2009 e para isso está promovendo sorteios de livros sobre o tema objeto das discussões e debates.
Se você se interessa por este tema, acesse agora mesmo a Lista e solicite seu ingresso.
Somos um grupo com regras bem definidas que você pode acessar clicando aqui, mesmo antes de se inscrever no grupo.Quem foi Jesus? O que realmente disse? Que atos realizou? O que pretendia? Existe um Jesus Histórico? A Lista tem como objetivo debater o Jesus Histórico, aquele Jesus, homem ou mito, que podemos resgatar, retomar ou reconstruir, utilizando os instrumentos da moderna pesquisa histórica. Como documentos recentes, tais como os manuscritos encontrados em cavernas às margens do Mar Morto ou próximo à vila de Nag Hammadi, no alto Nilo, reformularam nosso entendimento deste personagem? Este Jesus Histórico será construído sem apelo à fé e será, com certeza,um produto científico que poderá ou não coincidir com o Jesus de Nazaré apresentado nos evangelhos.
Esperamos você lá.
quinta-feira, outubro 27, 2011
Preconceito Mata
Acompanho bastante as discussões sobre homofobia e casamento entre pessoas do mesmo sexo, que se desenvolvem, atualmente, em nossa sociedade.
Tenho a consciência e a certeza (eu acho) que não sou homofóbico e me sustento para afirmar isso em alguns fatos concretos.
Além de ter um ou dois amigos homossexuais, o fato de artistas e cientistas se declararem ser homossexuais não retira a minha admiração por eles. Assim, Somerset Maugham é meu autor preferido ao ponto de prezar sua escrita, de tal forma, que não me permito lê-lo a não ser na forma original. Não por pedantismo ou qualquer outra atitude elitista, mas por considerar que Maugham é um daqueles artistas da literatura que não merecem ser lidos em traduções que não o merecem.
Exemplificando no lado da ciência, me revolta enormemente a morte trágica de Alan Turing, em 1954, que acabou não resistindo á pressão social na Inglaterra dos anos 50 e se suicidou aos 41 anos privando a humanidade de sua genialidade que poderia ainda ser compartilhada por todos nós se sua vida e seu trabalho não tivessem sido interrompidos tão prematuramente.
Turing criou o teste que até hoje nenhum computador ainda passou, mas que devem ultrapassar, espera-se, ao redor da década de 40 desse século, quando então entraremos no que os matemáticos e cientistas denominam de Singularidade Tecnológica. Além disso contribuiu enormemente com os aliados durante a 2ª Guerra Mundial ao decifrar o código cifrado ENIGMA. das comunicações entre os U-Boats alemães.
Apesar de para mim esse meu comportamento relatado acima em relação aos homossexuais me autoriza a não me enquadrar como homofóbico, não consigo ainda aceitar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Eu digo ainda, pois estou elaborando racionalmente essa questão.
A minha oposição não se pauta em qualquer crença religiosa, pois não as tenho, mas por pura compatibilidade com a natureza. Enxergo a relação homossexual como regulada, excessivamente, pelo prazer hedonístico, diferentemente, da relação heterossexual na qual a criação dos filhos confere um maior equilíbrio entre o puro prazer sexual na relação e a construção de uma vida companheira a dois que envolve a formação de outros seres humanos.
Alguns levantarão contra essa meu argumento que a ideia do casamento entre pessoas do mesmo sexo viria exatamente trazer o equilíbrio com a possibilidade de não só regular questões de direito civil, mas também permitir a adoção de crianças e a constituição de uma família à semelhança da relação heterossexual.
É exatamente esse ponto que não está claro na minha cabeça. Não consigo ver normalidade em uma criança crescer com dois pais sem uma mãe ou com duas mães sem um pai. O argumento que isso é melhor do que crianças abandonadas em asilos ou nas ruas, ainda não me convence. Que tipo de pessoas estaremos forjando sob esse ambiente. Ninguém pode responder isso levando em conta uma larga escala, casos isolados não são suficientes para nos dar uma ideia do que estamos fazendo com a sociedade do futuro.
Por outro lado, acho que o casamento entre pessoas do mesmo sexo é uma corrente crescente e que vai atropelar a sociedade independente de ainda existirem resistências. O importante é que continuemos discutindo essa questão para que pessoas como eu venham talvez um dia a ceder aos argumentos em favor desse movimento que me parece inexorável e formemos uma sociedade harmoniosa com boa convivência entre todos.
Tenho a consciência e a certeza (eu acho) que não sou homofóbico e me sustento para afirmar isso em alguns fatos concretos.
Além de ter um ou dois amigos homossexuais, o fato de artistas e cientistas se declararem ser homossexuais não retira a minha admiração por eles. Assim, Somerset Maugham é meu autor preferido ao ponto de prezar sua escrita, de tal forma, que não me permito lê-lo a não ser na forma original. Não por pedantismo ou qualquer outra atitude elitista, mas por considerar que Maugham é um daqueles artistas da literatura que não merecem ser lidos em traduções que não o merecem.
Exemplificando no lado da ciência, me revolta enormemente a morte trágica de Alan Turing, em 1954, que acabou não resistindo á pressão social na Inglaterra dos anos 50 e se suicidou aos 41 anos privando a humanidade de sua genialidade que poderia ainda ser compartilhada por todos nós se sua vida e seu trabalho não tivessem sido interrompidos tão prematuramente.
Turing criou o teste que até hoje nenhum computador ainda passou, mas que devem ultrapassar, espera-se, ao redor da década de 40 desse século, quando então entraremos no que os matemáticos e cientistas denominam de Singularidade Tecnológica. Além disso contribuiu enormemente com os aliados durante a 2ª Guerra Mundial ao decifrar o código cifrado ENIGMA. das comunicações entre os U-Boats alemães.
Apesar de para mim esse meu comportamento relatado acima em relação aos homossexuais me autoriza a não me enquadrar como homofóbico, não consigo ainda aceitar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Eu digo ainda, pois estou elaborando racionalmente essa questão.
A minha oposição não se pauta em qualquer crença religiosa, pois não as tenho, mas por pura compatibilidade com a natureza. Enxergo a relação homossexual como regulada, excessivamente, pelo prazer hedonístico, diferentemente, da relação heterossexual na qual a criação dos filhos confere um maior equilíbrio entre o puro prazer sexual na relação e a construção de uma vida companheira a dois que envolve a formação de outros seres humanos.
Alguns levantarão contra essa meu argumento que a ideia do casamento entre pessoas do mesmo sexo viria exatamente trazer o equilíbrio com a possibilidade de não só regular questões de direito civil, mas também permitir a adoção de crianças e a constituição de uma família à semelhança da relação heterossexual.
É exatamente esse ponto que não está claro na minha cabeça. Não consigo ver normalidade em uma criança crescer com dois pais sem uma mãe ou com duas mães sem um pai. O argumento que isso é melhor do que crianças abandonadas em asilos ou nas ruas, ainda não me convence. Que tipo de pessoas estaremos forjando sob esse ambiente. Ninguém pode responder isso levando em conta uma larga escala, casos isolados não são suficientes para nos dar uma ideia do que estamos fazendo com a sociedade do futuro.
Por outro lado, acho que o casamento entre pessoas do mesmo sexo é uma corrente crescente e que vai atropelar a sociedade independente de ainda existirem resistências. O importante é que continuemos discutindo essa questão para que pessoas como eu venham talvez um dia a ceder aos argumentos em favor desse movimento que me parece inexorável e formemos uma sociedade harmoniosa com boa convivência entre todos.
terça-feira, setembro 27, 2011
Um poder de costas para o país
O GLOBO | OPINIÃO
JUDICIÁRIO | SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Um poder de costas para o país
MARCO ANTONIO VILLAJustiça no Brasil vai mal, muito mal. Porém, de acordo com o relatório de atividades do Supremo Tribunal Federal de 2010, tudo vai muito bem. Nas 80 páginas — parte delas em branco — recheadas de fotografias (como uma revista de consultório médico), gráficos coloridos e frases vazias, o leitor fica com a impressão que o STF é um exemplo de eficiência, presteza e defesa da cidadania. Neste terreno de enganos, ficamos sabendo que um dos gabinetes (que tem milhares de processos parados, aguardando encaminhamento) recebeu “pela excelência dos serviços prestados” o certificado ISO 9001. E há até informações futebolísticas: o relatório informa que o ministro Marco Aurélio é flamenguista.
A leitura do documento é chocante. Descreve até uma diplomacia judiciária para justificar os passeios dos ministros à Europa e aos Estados Unidos. Ou, como prefere o relatório, as viagens possibilitaram “uma proveitosa troca de opiniões sobre o trabalho cotidiano.” Custosas, muito custosas, estas trocas de opiniões. Pena que a diplomacia judiciária não é exercida internamente. Pena. Basta citar o assassinato da juíza Patrícia Acioli, de São Gonçalo. Nenhum ministro do STF, muito menos o seu presidente, foi ao velório ou ao enterro. Sequer foi feita uma declaração formal em nome da instituição. Nada.
Silêncio absoluto. Por que? E a triste ironia: a juíza foi assassinada em 11 de agosto, data comemorativa do nascimento dos cursos jurídicos no Brasil. Mas, se o STF se omitiu sobre o cruel assassinato da juíza, o mesmo não o fez quando o assunto foi o aumento salarial do Judiciário. Seu presidente, Cézar Peluso, ocupou seu tempo nas últimas semanas defendendo — como um líder sindical de toga — o abusivo aumento salarial para o Judiciário Federal. Considera ético e moral coagir o Executivo a aumentar as despesas em R$ 8,3 bilhões. A proposta do aumento salarial é um escárnio.
É um prêmio à paralisia do STF, onde processos chegam a permanecer décadas sem qualquer decisão. A lentidão decisória do Supremo não pode ser imputada à falta de funcionários. De acordo com os dados disponibilizados, o tribunal tem 1.096 cargos efetivos e mais 578 cargos comissionados. Portanto, são 1.674 funcionários, isto somente para um tribunal com 11 juízes. Mas, também de acordo com dados fornecidos pelo próprio STF, 1.148 postos de trabalho são terceirizados, perfazendo um total de 2.822 funcionários. Assim, o tribunal tem a incrível média de 256 funcionários por ministro.
Ficam no ar várias perguntas: como abrigar os quase 3 mil funcionários no prédio-sede e nos anexos? Cabe todo mundo? Ou será preciso aumentar os salários com algum adicional de insalubridade? Causa estupor o número de seguranças entre os funcionários terceirizados. São 435! O leitor não se enganou: são 435. Nem na Casa Branca tem tanto segurança. Será que o STF está sendo ameaçado e não sabemos? Parte destes abuso é que não falta naquela Corte. Só de assistência médica e odontológica o tribunal gastou em 2010, R$ 16 milhões.
O orçamento total do STF foi de R$ 518 milhões, dos quais R$ 315 milhões somente para o pagamento de salários. Falando em relatório, chama a atenção o número de fotografias onde está presente Cézar Peluso. No momento da leitura recordei o comentário de Nélson Rodrigues sobre Pedro Bloch. O motivo foi uma entrevista para a revista “Manchete”. O maior teatrólogo brasileiro ironizou o colega: “Ninguém ama tanto Pedro Bloch como o próprio Pedro Bloch.”
Peluso é o Bloch da vez. Deve gostar muito de si mesmo. São 12 fotos, parte delas de página inteira. Os outros ministros aparecem em uma ou duas fotos. Ele, não. Reservou para si uma dúzia de fotos, a última cercado por crianças. A egolatria chega ao ponto de, ao apresentar a página do STF na intranet, também ter reproduzida uma foto sua acompanhada de uma frase (irônica?) destacando que o “a experiência do Judiciário brasileiro tem importância mundial”. No relatório já citado, o ministro Peluso escreveu algumas linhas, logo na introdução, explicando a importância das atividades do tribunal.
E concluiu, numa linguagem confusa, que “a sociedade confia na Corte Suprema de seu País. Fazer melhor, a cada dia, ainda que em pequenos mas significativos passos, é nossa responsabilidade, nosso dever e nosso empenho permanente”. Se Bussunda estivesse vivo poderia retrucar com aquele bordão inesquecível: “Fala sério, ministro!” As mazelas do STF têm raízes na crise das instituições da jovem democracia brasileira. Se os três Poderes da República têm sérios problemas de funcionamento, é inegável que o Judiciário é o pior deles. E deveria ser o mais importante. Ninguém entende o seu funcionamento.
É lento e caro. Seus membros buscam privilégios, e não a austeridade. Confundem independência entre os poderes com autonomia para fazer o que bem entendem. Estão de costas para o país. No fundo, desprezam as insistentes cobranças por justiça. Consideram uma intromissão.
MARCO ANTONIO VILLA é historiador e professor da Universidade Federal de São Carlos.
A leitura do documento é chocante. Descreve até uma diplomacia judiciária para justificar os passeios dos ministros à Europa e aos Estados Unidos. Ou, como prefere o relatório, as viagens possibilitaram “uma proveitosa troca de opiniões sobre o trabalho cotidiano.” Custosas, muito custosas, estas trocas de opiniões. Pena que a diplomacia judiciária não é exercida internamente. Pena. Basta citar o assassinato da juíza Patrícia Acioli, de São Gonçalo. Nenhum ministro do STF, muito menos o seu presidente, foi ao velório ou ao enterro. Sequer foi feita uma declaração formal em nome da instituição. Nada.
Silêncio absoluto. Por que? E a triste ironia: a juíza foi assassinada em 11 de agosto, data comemorativa do nascimento dos cursos jurídicos no Brasil. Mas, se o STF se omitiu sobre o cruel assassinato da juíza, o mesmo não o fez quando o assunto foi o aumento salarial do Judiciário. Seu presidente, Cézar Peluso, ocupou seu tempo nas últimas semanas defendendo — como um líder sindical de toga — o abusivo aumento salarial para o Judiciário Federal. Considera ético e moral coagir o Executivo a aumentar as despesas em R$ 8,3 bilhões. A proposta do aumento salarial é um escárnio.
É um prêmio à paralisia do STF, onde processos chegam a permanecer décadas sem qualquer decisão. A lentidão decisória do Supremo não pode ser imputada à falta de funcionários. De acordo com os dados disponibilizados, o tribunal tem 1.096 cargos efetivos e mais 578 cargos comissionados. Portanto, são 1.674 funcionários, isto somente para um tribunal com 11 juízes. Mas, também de acordo com dados fornecidos pelo próprio STF, 1.148 postos de trabalho são terceirizados, perfazendo um total de 2.822 funcionários. Assim, o tribunal tem a incrível média de 256 funcionários por ministro.
Ficam no ar várias perguntas: como abrigar os quase 3 mil funcionários no prédio-sede e nos anexos? Cabe todo mundo? Ou será preciso aumentar os salários com algum adicional de insalubridade? Causa estupor o número de seguranças entre os funcionários terceirizados. São 435! O leitor não se enganou: são 435. Nem na Casa Branca tem tanto segurança. Será que o STF está sendo ameaçado e não sabemos? Parte destes abuso é que não falta naquela Corte. Só de assistência médica e odontológica o tribunal gastou em 2010, R$ 16 milhões.
O orçamento total do STF foi de R$ 518 milhões, dos quais R$ 315 milhões somente para o pagamento de salários. Falando em relatório, chama a atenção o número de fotografias onde está presente Cézar Peluso. No momento da leitura recordei o comentário de Nélson Rodrigues sobre Pedro Bloch. O motivo foi uma entrevista para a revista “Manchete”. O maior teatrólogo brasileiro ironizou o colega: “Ninguém ama tanto Pedro Bloch como o próprio Pedro Bloch.”
Peluso é o Bloch da vez. Deve gostar muito de si mesmo. São 12 fotos, parte delas de página inteira. Os outros ministros aparecem em uma ou duas fotos. Ele, não. Reservou para si uma dúzia de fotos, a última cercado por crianças. A egolatria chega ao ponto de, ao apresentar a página do STF na intranet, também ter reproduzida uma foto sua acompanhada de uma frase (irônica?) destacando que o “a experiência do Judiciário brasileiro tem importância mundial”. No relatório já citado, o ministro Peluso escreveu algumas linhas, logo na introdução, explicando a importância das atividades do tribunal.
E concluiu, numa linguagem confusa, que “a sociedade confia na Corte Suprema de seu País. Fazer melhor, a cada dia, ainda que em pequenos mas significativos passos, é nossa responsabilidade, nosso dever e nosso empenho permanente”. Se Bussunda estivesse vivo poderia retrucar com aquele bordão inesquecível: “Fala sério, ministro!” As mazelas do STF têm raízes na crise das instituições da jovem democracia brasileira. Se os três Poderes da República têm sérios problemas de funcionamento, é inegável que o Judiciário é o pior deles. E deveria ser o mais importante. Ninguém entende o seu funcionamento.
É lento e caro. Seus membros buscam privilégios, e não a austeridade. Confundem independência entre os poderes com autonomia para fazer o que bem entendem. Estão de costas para o país. No fundo, desprezam as insistentes cobranças por justiça. Consideram uma intromissão.
MARCO ANTONIO VILLA é historiador e professor da Universidade Federal de São Carlos.
segunda-feira, setembro 19, 2011
Reinaldo Azevedo: Qual é a Sua?
Na verdade, alguns podem indagar qual seria a minha, responsável por um Blog que nem de perto pode rivalizar com Blogs da Veja, inquirindo e abrindo polêmica com um jornalista badalado?
O fato é que nem sei se ele vai chegar a ler isso, pois enquanto esse Blog também possui artigos com mais de 100 comentários, eles levaram quase cinco anos para se acumularem, enquanto a postagem à qual me oponho no Blog do Reinaldo Azevedo atingiu, em um só dia, mais de 170 comentários. Meu modesto Blog não recebe o suporte de nenhum órgão de imprensa, é apenas o repositório das opiniões de um cidadão consciente e que gosta de escrever sobre problemas da sociedade brasileira, uma capacidade de interação que a Internet oferece a todos os cidadãos comuns como eu.
Eu até tentei manter essa discussão no próprio blog dele, na Veja, por duas vezes, mas descobri que só são aprovados pela sua moderação os comentários que concordam com o que ele escreve, mesmo se postado com urbanidade e respeito. Então, não me resta outra alternativa senão contestá-lo em meu próprio terreno.
A postagem em questão se refere às críticas inconsequentes e nitidamente de quem não sabe o que está falando, sobre os recentes problemas no morro do alemão relacionados com a reação do tráfico, no início de setembro.
Em suas críticas apaixonadas, nitidamente com enfoque político, Reinaldo Azevedo não poupou sequer um colega seu, Arnaldo Jabor, que ousou opinar, favoravelmente, ao projeto de segurança das UPPs, do governo do Estado do Rio. Esclareça-se logo de saída, que não votei nem no Cabral nem no Paes, o que não me proíbe de reconhecer, de forma republicana, quando uma iniciativa tem méritos, atitude que parece não estar no rol de qualidade do jornalista da Veja.
No seu texto, Reinaldo Azevedo afirmou se pautar nos seus leitores cariocas que "sempre me disseram a verdade a respeito". A julgar pela quase totalidade de seus leitores que se manifestaram nos comentários, esses leitores também deixam exalar a sua incontida paixão política, dentro daquele espírito do que é feito pelo outro lado é, necessariamente, ruim.
Além disso, nota-se tanto no artigo, como na maioria dos comentários de seus conterrâneos paulistas, uma ironia e má vontade para com o povo carioca. Sente-se no ar, aquela ideia de que cariocas só se preocupam com praia e carnaval. Nada mais anacrônico e desrespeitoso para com a gente dessa terra.
Reinaldo Azevedo ignora e condena a única inciativa séria contra o tráfico em mais de 30 anos, taxando-a de inviável, pois "como pode dar certo o que está conceitual, técnica, moral, ética e legalmente errado?". Devido a essa frase, eu indaguei em um dos meus comentários censurados no seu Blog, que visto que ele sabia a maneira correta de combater o tráfico, porque não passava seu inteligente plano para o Beltrame contribuindo para a solução, em vez de atirar farpas sem propor alternativas.
Acusa a imprensa carioca de incompetente por apoiar o que denomina uma fraude e chega ao cúmulo de inferir que o governador havia feito um trato com os traficantes para que esses não aparecerem ostensivamente, concluindo que algo teria dado errado, pois os traficantes romperam o suposto trato. Em suas próprias palavras:"...se o tal território retomado estava ocupado pelo narcotráfico e se retomado foi sem confronto com aqueles bravos, o que que a gente deve concluir? Que se fez uma espécie de pacto com os donos da área, certo? Certo."
Foi tomado sem confronto porque não existe o mítico crime organizado Sr. Reinaldo. Isso sim, uma criação da mídia, se não me engano da paulista, quando dos confrontos com PCC em 2006. Fugiram do alemão como um bando de bermudas e chinelos e sem camisas porque são nada mais do que um bando.
Em sua diatribe política contra o sistema de UPPs V.Sa. não mencionou uma só vez as UPPs sociais que começam a ser instaladas pela Prefeitura, pelo contrário, fez questão de ridicularizar mencionando "crianças felizes batendo lata (geralmente sob os cuidados de alguma ONGs)
Há muito o que fazer e muitas dificuldades e aprendizados ainda virão, mas é lamentável que pessoas que detém o poder de um veículo de informação como a Veja o utilizem de forma tão irresponsável, atendendo tão somente às suas crenças políticas.
quarta-feira, agosto 31, 2011
Nada Muda Nunca: Tira o Tubo
São pessoas morrendo em bondes e parques sem manutenção, engenheiros emitindo laudos sem vistoriar, deputados, flagrantemente, corruptos sendo inocentados pela Câmara e toda sorte de malfeitos sem que nada aconteça e nada ou ninguém mude o quadro antiético em que vivemos.
Enquanto um brasileiro educado, responsável e ético, um exemplo para o esporte brasileiro, luta pela vida após passar mal à beira do campo de exercício de sua profissão, outros brasileiros que não merecem viver, continuam desfiando seu rol de improbidades diante da sociedade paralisada.
Um personagem atuante, em grande parte responsável pelo que vemos hoje, já disse há muito tempo que são 300 picaretas no Congresso Nacional e você acha que é diferente disso? Inventam seu próprio código de ética onde tudo é permitido e legal, desde que satisfaça seus interesses.
Se me perguntassem para que serve o congresso brasileiro eu teria dificuldades em responder o que não deixa de ser uma situação extremamente triste.
Essa é uma postagem curta, não tenho nada mais a dizer diante do que vejo no dia-a-dia enquanto nossas leis ultrapassadas e benevolentes, criadas por quem já planejava burlá-las, não consegue deter esse estado de coisas.
Já dizia uma personagem de um antigo, mas atual quadro humorístico: "Tira o tubo".
sexta-feira, agosto 19, 2011
Edmundo, Prescrição e Ética
Temos escrito, frequentemente, sobre ética até abordando atitudes do ex-presidente Lula e nesses textos sempre deixamos claro a noção de que a ética é uma necessidade da subsistência humana, mas essa exige também uma dose de educação, pois os princípios éticos são teóricos, são universais e são regras, diferentemente, dos aspectos morais que são respectivamente, práticas, culturas e condutas de regra.
Ao analisarmos a conduta do ex-jogador Edmundo quando ele agradece a seus seguidores no twitter por uma suposta torcida em seu favor, após beneficiar-se da impunidade permitida pelas leis brasileiras que levaram o STF a extinguir sua pena, verificamos que ele e muitos dos ditos seguidores no Twitter encaram isso como normal. Isto é, consideram que é, absolutamente, ético a torcida para que um condenado permaneça impune.
Tanto Edmundo, como muitos desses seguidores apenas demonstram um despreparo cultural que lhes impede de perceber que estão protagonizando um papel antiético. Evidentemente, que nenhum deles tem responsabilidade pelo fato das leis brasileiras permitirem a procrastinação que acaba levando à extinção da pena.
Ao analisarmos a conduta do ex-jogador Edmundo quando ele agradece a seus seguidores no twitter por uma suposta torcida em seu favor, após beneficiar-se da impunidade permitida pelas leis brasileiras que levaram o STF a extinguir sua pena, verificamos que ele e muitos dos ditos seguidores no Twitter encaram isso como normal. Isto é, consideram que é, absolutamente, ético a torcida para que um condenado permaneça impune.
Tanto Edmundo, como muitos desses seguidores apenas demonstram um despreparo cultural que lhes impede de perceber que estão protagonizando um papel antiético. Evidentemente, que nenhum deles tem responsabilidade pelo fato das leis brasileiras permitirem a procrastinação que acaba levando à extinção da pena.
É lamentável, mas é esse despreparo na educação, que se manifesta, por exemplo, no nosso trânsito caótico, nos fiscais que não fiscalizam e emitem laudos sem vistorias causando com bastante frequência resultados fatais que produzem relativismos no julgamento ético e transformam em normais, atitudes do dia-a-dia, que deveriam ser evitadas por todos em benefícios de todos.
Nada impede que o Edmundo de pena extinta leve uma vida normal, tanto no seu aspecto particular como no lado profissional, mas o que se espera e que ele compreenda a benesse recebida, que permite que ele seja um condenado impune, mas não permite que agrida a sociedade e, especialmente, as famílias de suas vítimas com demonstrações de "não-estou-nem-ai", como por exemplo angariar que lhe sigam na rede social twitter para que alcance a marca de 100.000 seguidores. Melhor seria que se mantivesse discreto, pelo menos durante o tempo que deveria durar sua pena, que foi extinta por obra de recursos ridículos, mas infelizmente legais de seus advogados.
O curioso é que quando postamos em nosso Twitter algo nesse sentido, sua reação foi de se colocar como nosso seguidor (@mphp) demonstrando algo que não sei bem se uma provocação ou uma bandeira branca.
O curioso é que quando postamos em nosso Twitter algo nesse sentido, sua reação foi de se colocar como nosso seguidor (@mphp) demonstrando algo que não sei bem se uma provocação ou uma bandeira branca.
Esperamos, sinceramente, que esse exemplo do ex-jogador sirva para que a sociedade organizada se mobilize para finalmente mudar essa construção legal que tem promovido tanta impunidade sobre os olhares estupefatos da sociedade.
domingo, julho 31, 2011
Nostalgia Cinza

Não importa o tempo convivido, especialmente, se iniciado no Colégio Naval, em Angra dos Reis, apelidado de "Esperança da Armada".
Talvez, ou com certeza, o fato de ingressarmos na vida naval pelo Colégio Naval, a maioria de nós, recém completando 15 anos de vida, no alvorecer de nossas esperanças futuras, com o coração repleto de entusiasmo e a mente povoada pelos sonhos, certamente, tem uma influência decisiva na marca que a Marinha deixará em nossas existências, aliado ao fato de que quase todos estão, pela primeira vez, se libertando das presenças paterna e materna e, então, nesse momento, passando a ser os controladores das próprias atitudes e de suas consequências.
Por outro lado, a natureza exuberante do local que propicia inúmeras aventuras pelas ilhas e praias da redondeza favorece a liga e a camaradagem que vão perdurar ao longo da vida, independente dos rumos que cada um venha a seguir, se carreira na Marinha ou na vida civil.
Nesses tempos de redes sociais, em que os contatos humanos se tornam cada vez mais virtuais, lembro-me de uma situação pitoresca que acontecia com uma certa frequência quando ocorria algum entrevero entre colegas e que dá uma ideia do que é cursar o Colégio Naval e porque voltamos lá para descerrar placas comemorativas dos 30, 40 e 50 anos de nossas passagens pelo estabelecimento. Alguns sequer completaram um ano no CN e comparecem a essas cerimônias, o que prova a força do cinza.
Desavenças momentâneas em jovens confinados, com os hormônios á flor da pele é a coisa mais natural do mundo, mas em uma organização militar isso é uma falta grave e quem quer que acabasse saindo na "porrada" estaria sujeito a sérias medidas punitivas que afetariam o conceito final e, mais importante, as licenças quinzenais.
Mas para tudo há um jeito. Existia e ainda existe até hoje, ao final da pista de atletismo, que pode ser vista na foto, um muro com a frase "Mens Sana in Corpore Sano". Hoje parece que a frase mudou para ostentar; Colégio Naval, Esperança da Armada", e era para lá que se dirigiam os contendores a fim de resolver suas diferenças.
Acontece, que a distância média até esse muro, que esconderia a contenda dos olhares dos oficiais, e os locais de convívio mais comuns, como o pátio interno, implicava em uma caminhada de pelo menos 500 a 1000 metros. Ora, não há entrevero que resista à racionalidade que aflorava durante o curso dessa distância e a "porrada" quase sempre não acontecia e as pazes eram firmadas antes ou na chegada ao Mens Sana.
São fatos como esse que nos impedem de jamais esquecer os anos vividos no Colégio Naval e que em grande monta ajudaram a moldar a nossa personalidade com a ajuda do fermento cinza correndo nas veias.
Assinar:
Postagens (Atom)