terça-feira, fevereiro 03, 2009

Buracos Negros do LHC podem sobreviver por minutos

January 23rd, 2009 | by KFC |
KurzweilAI.net



Não existe, definitivamente, nenhuma possibilidade do LHC destruir o planeta quando ele for ligado algum dia neste ano. Certo?

Erro, upa. E todavia algumas dúvidas inconsequentes estão persuadindo alguns cientistas de repassar estes dados novamente. E os novos cálculos estão lançando algumas suspeitas.

Um método potencial de destruição seria que o LHC criará pequeninos buracos negros que poderiam engolir tudo no seu caminho inclusive o planeta. Em 2002, Roberto Casadio da Universita di Bologna na Italia e alguns companheiros rafirmaram ao mundo de que isto não era possível porque os buracos negros decairiam antes de ter a oportunidade de causar qualquer dano.

Agora eles não estão tão seguros. A questão não é simplesmente como os mini buracos negros decaem mas se este decaimento ultrapassa determinado crescimento.

Casadio retrabalhou os dados e agora diz: "o crescimento dos buracos negros a um tamanho catastrófico nãoparece ser possível."

Não parece ser possível? Isto não é a inequívoca tranqüilidade que os físicos de partículas estão nos dando até agora

E mais, os novos cálculos lançam novas incertas previsões. No passado sempre se assumia que os buracos novos decairiam no piscar de um olho.

Não mais. Casadio e companhia dizem:: “os esperados tempos de decaimento são mais longos (e possivelmente + 1 seg) do que é tipicamente previstos por outros modelos"

Epa, vejamos isto novamente: estes mini buracos negros estarão perambulando por ai por segundos, talvez minutos?,

Isto não soa bem. Alguém no CERN trate de clarificar?

Ref: arxiv.org/abs/0901.2948: On the Possibility of Catastrophic Black Hole Growth in the Warped Brane-World Scenario at the LHC

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Universos Paralelos


Desde o advento da Mecânica Quântica que nosso entendimento sobre a realidade que nos cerca vem mudando. Não é por acaso que os místicos abraçaram a mecânica quântica e até se aventuram em cursos expeditos sobre o tema.

Hoje a ciência fala sobra a possibilidade de multiuniversos e universos paralelos sem acanhamento, embora Rchard Feynmann um dos pioneiros tenha dito que ninguém pode afirmar com segurança que entende a mecânica quântica.

A teoria quântica é baseada na idéia de que existe uma possibilidade para todo e qualquer evento, não importando quão bizarro ou idiota seja este evento. Assim, não é sem sentido perguntarmos sobre a possibilidade de alguém subtamente se dissolver e se rematerializar do outro lado de uma parede de concreto. De acordo com a mecânica quântica existe uma possibilidade pequena, mas calculável de que isto possa acontecer. É claro que a possibilidade é tão pequena que teríamos que esperar a idade do universo para ver isto acontecer. Na verdade, os eletrons fazem isto o tempo todo dentro de nossos PCs e a civilização moderna ruiria se isto não fosse possível.

Com o advento da Teoria-M (M de membranas ou de mãe de todas as teorias), uma evolução da teoria das cordas, desenvolvida em 11 dimensões, os universos paralelos se apresentam como uma realidade matemática para explicar o comportamento das forças da natureza, especialmente, a força gravitacional.

Hoje ganham importância junto aos físicos os multi-mundos e a teoria da decoerência que surgiu para explicar a questão da influência do observador nos fenômenos quânticos

terça-feira, novembro 18, 2008

Satiagraha e Consciência Nacional


Os desdobramentos da operação Satiagraha da Polícia Federal estão cada vez mais expondo as carnes podres da república e espero que sirvam para orientar um novo horizonte de moralidade e ética.

Não consigo encarar o estilo da defesa do Sr. Daniel Dantas, sem vislumbrar a personificação do antiético e da representação do estilo "lei de Gerson" que prolifera neste país.

No Brasil, advogados mentem junto com seus cliente ao invés, de dentro da lei, procurar acordos para minimizar as penas de seus clientes nitidamente criminosos.

As filigranas e as chicanas legais permitem que estes bandidos circulem livres ostentanto escárnio em seus sorrisos como a sugerir que estão acima da lei.

O dia que um banqueiro como estes for para a cadeia sem mais recursos e sem ridículos benefícios de progressão de pena eu começarei a acreditar na justiça deste país.

segunda-feira, outubro 06, 2008

O Perigo Passou!!


Quando as urnas eletrônicas foram desligadas às 17:00h do dia 05/10/2008 também foi desativada a caixa de Pandorra que ameaçava levar a administração da cidade do Rio de Janeiro à idade das trevas.

Esperamos que esta derrota contundente que retira do 2º turno, pela terceira vez, o candidato da IURD enterre definitivamente os projetos políticos da Igreja Universal.

Nada mais patético do que ver as imagens do candidato saindo da votação com a Bíblia nas mãos. O que esperava ele, que os anjos do senhor viéssem em seu auxílio e derrotassem os adversários?

Como dissemos no artigo anterior, política partidária e eleições não são objetos da MPHP, mas isto é mais do que eleição, é a sobrevivência da sociedade carioca como uma sociedade livre e pluralista que respeite os direitos individuais e as diferenças.

Já afastamos um perigo, o do casal Garotinho, embora algumas sequelas de suas passagem ainda permaneçam entre nós como o ensino religioso nas escolas públicas e a possibilidade do ensino do criacionismo.

Precisamos continuar atentos.

domingo, setembro 14, 2008

O Perigo Que Vem do Rio


Um dos assuntos que evito tocar no Blog e na própria MPHP é política partidária, mas o que vou tratar nesta postagem é mais do que isto, é a própria sobrevivência da nossa sociedade como uma sociedade livre na qual as idéias são debatidas democraticamente e sem temas proibidos.

A possibilidade de termos um prefeito que antes de mais nada é um escudeiro das idéias da Igreja Universal (IURD) é o maior perigo político já enfrentado por esta cidade e mesmo este país.

Imaginem sentado no palácio da cidade, se preparando para vôos mais altos, uma pessoa com as idéias sectárias deste candidato que sequer preciso citar o nome. A começar pelo preenchimento dos cargos municipais pela horda de bispos, pastores, obreiros e fiéis incultos desta seita que promove cultos bizarros tais como seções de descarrego e outros do tipo.

Em pouco tempo os ataques a segmentos da população que têm seu comportamento condenado pela Bíblia seria instalado como rastilho de pólvora para iniciativas mais restritivas nos costumes sob a alegação de não serem de Deus.

Com esta base no Rio bem aproveitada e com os recursos de que dispõem, alimentado pela horda de fanáticos que os seguem, teríamos este virus se preparando para tomar todo o país chegando a Brasília apoiados pelo mais simplório dos vice-presidentes que já tivemos. E não podemos deixar de reconhecer que domínio da ciência do marketing eles possuem.

Lembrando ainda que a Constituição nos define como um estado laico e este candidato é, literalmente, o lobo na pele de um cordeiro.

Venho alertando contra esta seita há muitos anos e a estratégia da IURD é um dos artigos mais acessados da MPHP.

Cuidado eleitor do Rio de Janeiro!

sábado, setembro 13, 2008

Resta-nos Apenas o Samba


Costuma-se dizer que no Brasil a justiça só funciona para os ricos e eu diria que a assertiva está imprecisa, pois no Brasil, nem quem tem dinheiro ou, pelo menos, pode arcar com os custos de uma ação judicial, dispõe da justiça. O mais correto é dizer que no Brasil, os ricos são impunes.

Recentemente, fui, seriamente, lesado por uma administradora de cartões de crédito e propus uma ação de reparação de danos combinada com o impedimento antecipado de qualquer registro do meu nome em serviços de proteção ao crédito.

Logrei imediato exito no impedimento do lançamento do meu nome nos "Serasas" da vida, pois dependeu apenas do juiz e da expedição de alguns ofícios, mas o prosseguimento da ação está, seriamente, prejudicado pelos entraves da justiça brasileira.

Como moro no Rio e a empresa está sediada em São Paulo é necessário para que o réu seja citado, em tempos de informática e emails, um procedimento anacrônico denominado carta precatória.

O escritório de advocacia, que acompanha em São Paulo os processos do escritório que contratei no Rio de Janeiro, informa que cartas precatórias na Justiça paulista estão levando 6 meses para serem cumpridas.

A minha primeira audiência no processo, que está marcada pelo juíz na justiça carioca para este mês, terá que ser adiada e pelo visto por pelo menos mais 7 meses.

Eu pergunto: Dá para aceitar uma coisa dessas?

Somos reféns de empresas gananciosas que, conhecedoras desta impunidade, jogam com isto.

E estamos às vésperas de mais uma eleição. Eu pergunto: Para quê? Vai mudar alguma coisa?

Dizem que somos o país do samba e do futebol, que grande consolo, mas acho que com o futebol do jeito que joga a seleção do Dunga, resta-nos apenas o samba....

terça-feira, setembro 09, 2008

Onde guardar o lixo nuclear?


Essa é a questão no Brasil. A Finlândia, cujo projeto de depósito virou referência mundial, mostra que não há solução simples


Marcela Buscato, de Olkiluoto, Finlândia para Época

A reação é microscópica: dentro dos dois reatores da central nuclear de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, bilhões de núcleos de átomos de urânio se dividem e geram 3% da eletricidade consumida no Brasil. Os resíduos produzidos em duas décadas de operação são de uma ordem bem maior. Quase 446 toneladas de combustível usado – e radioativo durante milhares de anos. Até hoje, esse material não tinha despertado a atenção dos brasileiros. Mas, com a pretensão do governo de retomar seu programa nuclear, o problema apareceu. Há planos para a construção de mais quatro a oito usinas no país. A retomada das obras de Angra 3 já é dada como certa e, até o fim do ano, um comitê de ministros deverá decidir quantas usinas mais serão construídas. Isso aumentará a produção de lixo nuclear.

O problema não é exclusivamente brasileiro. Nenhum país do mundo conta com um depósito definitivo em funcionamento. A solução encontrada até agora, também a usada no Brasil, é guardar esse material dentro das piscinas especiais nas centrais nucleares. É uma solução provisória, até que se encontre um meio de armazenar o combustível usado. Mas que lugar e que tecnologias são suficientemente seguros para garantir o isolamento de um material capaz de emitir radiação em níveis letais por milhares de anos?

O Brasil deparou com essa questão pela primeira vez nas últimas semanas, depois de 23 anos do início da operação de sua primeira usina nuclear. O Ibama, órgão do Ministério do Meio Ambiente encarregado do licenciamento ambiental, condicionou o início da operação de Angra 3, previsto para 2014, à aprovação de um projeto de depósito definitivo. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que promove e fiscaliza a energia nuclear no Brasil, não concordou com a exigência. E quis torná-la mais branda. Comprometeu-se a apresentar até 2010 um modelo do que chamou de “depósito intermediário de longa duração”. Isso significa que o combustível radioativo poderá ficar guardado por 500 anos, em vez de milhares de anos. Segundo a CNEN, o combustível dos reatores, armazenado em estruturas metálicas com varetas contendo urânio, seria colocado em cápsulas de aço e guardado em um depósito escavado em uma rocha ou construído com paredes reforçadas de concreto.

A contenda entre o Ministério do Meio Ambiente e a CNEN expõe um ponto delicado para a expansão do uso da energia nuclear no mundo. A Agência Internacional de Energia Atômica aposta em um crescimento de mais de 20% na geração desse tipo de energia nos próximos 20 anos porque ela é apontada como uma das opções para frear o aquecimento global. Seu ciclo de produção quase não gera gás carbônico, causador do efeito estufa. Mas a questão dos resíduos ainda é um impedimento: além de despertar a rejeição da população, projetar e construir um depósito definitivo encarece os custos da empreitada nuclear. Uma das respostas mais promissoras está no subsolo gelado do extremo norte da Europa. A Finlândia – país de apenas 5,2 milhões de habitantes, conhecido pela agilidade de suas instituições e pelos baixos níveis de corrupção – recebe todos os anos visitantes de diversos países interessados em seu projeto de depósito.

A idéia é construir um sistema de túneis, a 500 metros de profundidade, onde as varetas com as pastilhas de urânio seriam enterradas em cápsulas de ferro fundido e cobre. O custo estimado de construção e operação, 3 bilhões de euros, seria embutido na tarifa de energia paga pelos consumidores. O local já foi escolhido: Olkiluoto, uma ilha na costa oeste do país, que parece ter vocação nuclear. É lá que estão duas das quatro usinas finlandesas, responsáveis por 25% da energia do país. Um terceiro reator está sendo construído na ilha e há um projeto para a instalação de outro. Por isso, a localização do futuro depósito é estratégica: facilita o transporte dos rejeitos radioativos e ajuda na aceitação da população local, habituada à vizinha nuclear, geradora de empregos desde o fim da década de 1970.


O depósito finlandês ainda está na fase de pesquisa. Só começará a funcionar em 2020 – se cumprir os requisitos ambientais


A Posiva, empresa responsável pelo futuro depósito, trabalha em Olkiluoto desde 2004, escavando túneis usados como uma espécie de laboratório subterrâneo, chamado Onkalo (buraco, em finlandês). No futuro, eles farão parte do depósito final, servindo como túneis de acesso e ventilação. Por enquanto, servem apenas como base para verificar se a região é segura para a construção do abrigo. Só em 2012, quando o governo finlandês tiver analisado os dados obtidos em Onkalo, vai decidir se dará a licença para a construção do depósito. Se não houver imprevistos, o depósito começará a funcionar em 2020.

Apesar de ter se tornado referência internacional, o projeto finlandês não é uma unanimidade. Ambientalistas questionam a segurança do modelo e acusam a indústria nuclear finlandesa de vender internacionalmente a idéia de que o depósito já está em construção, embora as obras sejam apenas parte dos estudos.

Isso seria uma estratégia de marketing para amenizar a preocupação popular com os rejeitos nucleares e incentivar a implantação de novas usinas. “A Finlândia está sendo usada como mascote para promover a energia nuclear globalmente”, afirma Lauri Myllyvirta, coordenador da campanha de energia do Greenpeace finlandês.

O modelo nuclear da Finlândia é considerado exemplar pela Agência Internacional de Energia. A nova usina está sendo construída pelas empresas distribuidoras de eletricidade, que recebem a energia a preço de custo. Por isso, podem repassá-la para os consumidores com tarifas mais baratas. A aprovação da população finlandesa a esse tipo de energia também é considerada referência. A indústria nuclear no país faz pesquisas desde 1983 para medir a aceitação popular, que só cresceu de lá para cá. Segundo a última pesquisa, referente a 2007, 43% dos entrevistados apoiavam a construção do novo reator. Mas até a simpatia dos finlandeses à energia nuclear é abalada quando o assunto é o destino do lixo. A mesma série de pesquisas mostra que desde a década de 1980 quase a metade dos entrevistados acha que não é seguro enterrar o combustível usado.

Antes de liberar a construção do depósito, o governo finlandês levará em conta as preocupações de segurança dos ambientalistas. Teme-se que a estrutura do depósito não resista aos milhares de anos necessários para que o lixo nuclear se torne inofensivo porque a geologia costuma mudar naturalmente em uma escala temporal tão longa. Na Finlândia, essa preocupação é agravada porque o gelo escava a superfície do solo e modifica o fluxo dos lençóis freáticos, que podem levar material radioativo para outras regiões. “O depósito fica a menos de 100 metros do mar. Se houver um vazamento, o combustível nuclear pode escapar para o oceano”, diz Myllyvirta, do Greenpeace.

A Posiva afirma que todas essas variáveis estão sendo analisadas. “Não podemos prever o que acontecerá com o ambiente em milhares de anos, nem ter certeza sobre como isso afetará as construções humanas”, diz Timo Seppälä, porta-voz da empresa. “Mas nossos estudos mostram que, mesmo que ocorram alguns vazamentos, não será em um nível nocivo ao meio ambiente.”


Desde a década de 1970, os EUA debatem a construção de um depósito. E ele não ficará pronto antes de 2017


A incerteza sobre a integridade dos depósitos durante milhares de anos explica por que ainda não há nenhuma construção desse tipo no mundo. No Japão, Toyo, a única cidade que se candidatou a abrigar um depósito, em troca de subsídios governamentais, voltou atrás em abril do ano passado. A Suécia, que tem um projeto parecido com o da Finlândia, só deverá escolher o local do depósito definitivo no ano que vem. A França estuda guardar o combustível radioativo em um depósito na cidade de Bure, mas a previsão é de que a construção comece depois de 2015.

O caso mais complicado é o americano. Desde a década de 1970, os Estados Unidos estudam um local para enterrar o lixo nuclear espalhado por 126 instalações, em 39 Estados. Já foram gastos US$ 9 bilhões em pesquisas e na construção de um túnel com 8 quilômetros de extensão e 300 metros de profundidade, na Montanha Yucca, no Estado de Nevada. Até agora, os planos do depósito não saíram do papel.

Algumas das centrais nucleares americanas estão esgotando a capacidade de suas piscinas para armazenar combustível. A usina de Indian Point 2, no Estado de Nova York, está transferindo o lixo altamente radioativo para pátios, onde é armazenado em contêineres de aço e concreto.



PROIBIDO MERGULHAR Piscina com o combustível radioativo usado em Angra 1. É uma solução provisória

O governo americano paga às usinas pelos gastos delas com a administração do lixo, que já deveria ter passado para o Estado. O prejuízo poderá chegar a US$ 35 bilhões. Por isso, está tentando acelerar a construção na Montanha Yucca. Em junho, a Secretaria de Energia submeteu o pedido de licença para a construção. A perspectiva mais otimista é que o depósito seja inaugurado em 2017.

O Brasil ainda está longe de ter um projeto como o dos EUA ou da Finlândia. Não há local definido para o depósito nem estimativa de custo. Os responsáveis pelo programa nuclear brasileiro ainda discutem o que é lixo nuclear. “O combustível usado não é lixo”, afirma o presidente da CNEN, Odair Dias Gonçalves. “Ele pode ser usado novamente porque conserva 40% de seu potencial energético.” É por isso que o projeto brasileiro prevê a construção de um abrigo de 500 anos. O objetivo é reciclar o combustível. É uma promessa que encontra resistência. No reprocessamento, é possível obter plutônio, usado na construção de armas nucleares. Outra desvantagem é o alto custo: por enquanto, reprocessar o urânio sai mais caro que retirá-lo da natureza. “O reprocessamento ainda não é viável”, diz Leonam dos Santos Guimarães, porta-voz da Eletronuclear, a empresa que administra as usinas de Angra. “Mas precisamos dar às próximas gerações o direito de usar essa fonte de energia.”

A aposta de Guimarães nas soluções futuras é partilhada por Anneli Nikula, porta-voz da TVO, empresa operadora das usinas finlandesas de Olkiluoto. “Estamos construindo um depósito tão seguro que não precisará ser monitorado depois de lacrado”, diz. “Mesmo assim, sempre penso que as novas gerações não serão menos inteligentes que nós. Elas encontrarão maneiras mais fáceis de controlar a radiação.” O dilema do lixo nuclear é que só no futuro distante ficará claro se deixamos um belo presente ou um grande fardo para as futuras gerações.


Viagem Final do Urânio

Leia também: Submarinos Nucleares: Descomissionamento
e Obama Fere de Morte a Indústria Nuclear

Erros no licenciamento de Angra 3


Origem - Gazeta Mercantil 9 de Setembro de 2008

A concessão da licença prévia para Angra 3 trouxe novamente ao debate público a questão dos rejeitos radioativos produzidos durante a operação de uma usina nuclear. Entre as 60 condicionantes incluídas na licença concedida pelo Ibama, uma se destaca, por ser precipitada. Trata-se da exigência de apresentação de uma proposta e do início da execução do projeto para disposição final dos rejeitos radioativos de alta atividade.

Por ser possível e ambientalmente mais correto o reaproveitamento desses rejeitos, é inadequado condicionar a licença prévia de Angra 3 à construção de um depósito definitivo para seu armazenamento.

Cabe legalmente à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) regular sobre essa matéria e também a responsabilidade pelo destino final dos rejeitos radioativos produzidos em território nacional. Por isso, a exigência não poderia ter sido endereçada ao empreendedor, no caso, a Eletronuclear.

Deve ser destacado que, durante vários anos após serem usados, os elementos combustíveis contendo os rejeitos radioativos devem ser mantidos em piscinas localizadas junto aos reatores, especialmente projetadas para esse fim e com um sistema de refrigeração dedicado para remover o calor residual antes de serem reprocessados ou armazenados definitivamente. Países que fazem uso maciço da energia nuclear, como Estados Unidos, França, Alemanha e Japão - que operam mais da metade dos 439 reatores em operação no mundo -, não têm em operação um depósito definitivo para os rejeitos radioativos de alta atividade.

Estes rejeitos são materiais que decaem ao longo do tempo, emitindo partículas e radiações nucleares até se tornarem estáveis e não oferecerem risco para os seres vivos. Os tempos de decaimento variam de dias até milhares de anos. Os materiais radioativos, se ingeridos ou inalados, causam diferentes danos aos seres vivos, dependendo das taxas de decaimento e do tempo de retenção no organismo. Por essa razão, devem ser isolados do meio ambiente de forma segura e pelo tempo necessário para que não ofereçam qualquer risco à saúde.

Caso a opção seja por seu armazenamento em depósitos permanentes, os rejeitos passam a ser rotulados de lixo radioativo, pelo simples fato de não serem reutilizados. Essa opção é uma conseqüência da política internacional de restrição ao reprocessamento dos rejeitos radioativos para limitar a proliferação de armas nucleares. Entre os materiais nucleares existentes nesses resíduos há urânio e plutônio, que podem ser usados para a fabricação de armas nucleares, mas que também podem servir para gerar mais eletricidade, além daquela já produzida originalmente nos reatores nucleares.

Atualmente, centros de pesquisa ao redor do mundo estão desenvolvendo um novo tipo de reator, que produz energia e incinera os rejeitos radioativos. O conceito é bem simples e utiliza aceleradores de partículas combinados com a fissão nuclear. O termo "incineração" significa o encurtamento do período de atividade dos rejeitos.

A deposição, sem qualquer tratamento, em um depósito definitivo, precisa durar milhares de anos para os resíduos alcançarem o nível natural de radioatividade de uma mina de urânio. Com o uso dos novos reatores incineradores, o tempo de armazenamento é reduzido para menos de 300 anos.

Por que, então, não aguardar novos avanços no setor nuclear para o tratamento dos rejeitos? Por que não usá-los para gerar mais energia elétrica? O desconhecimento da evolução dessas novas tecnologias não pode justificar decisões precipitadas no processo de licenciamento de Angra 3.

No setor elétrico, todas as fontes têm algum tipo de impacto para o meio ambiente. Nenhuma delas sozinha será capaz de atender às necessidades futuras de geração de eletricidade. A energia nuclear poderá dar uma contribuição importante para a diversidade da matriz energética do País e, por isso, seu uso não pode ser apresentado de forma maniqueísta. Criar falsos dilemas sobre sua utilização não nos levará a lugar algum. O que precisamos é estabelecer exigências que efetivamente conciliem a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento.

Por que não aguardar novos avanços para tratamentodos rejeitos?

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 3) AQUILINO SENRA MARTINEZ* - Professor titular do programa de Engenharia Nuclear do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) )



Leia também: Submarinos Nucleares: Descomissionamento

quarta-feira, agosto 13, 2008

Minc x Cnen: Despreparo Nuclear


Louvamos a coerência com o seu passado que o Ministro do Meio Ambiente Carlos Minc vem demonstrando na questão da autorização de licença ambiental do IBAMA para a construção de Angra 3, mas tememos que seu aparente desconhecimento sobre alguns aspectos mais técnicos desta questão acabem por inviabilizar a exigência, em princípio correta, para que seja tomada uma decisão sobre repositórios definitivos para os rejeitos nucleares.

Minc vem alegando que o depósito inicial nas piscinas de combustível é uma "solução completamente precária" dando assim uma falsa impressão de que a Eletronuclear deseja manter estas piscinas como depósitos definitivos.

Na verdade, estas piscinas existentes nas usinas nucleares cumprem uma fase necessaria da deposição dos rejeitos nucleares de alta reatividade. Nelas os elementos combustíveis queimados nas usinas se resfriam de forma controlada até que possam ser transportados para depósitos definitivos fora das usinas. Ao taxar de armazenamentos precários o ministro parece desconhecer esta solução que é comum em todos os programas nucleares no mundo.

Ao fazer a exigência de que os depósitos definitivos estejam prontos até 2014 o IBAMA está criando uma obstáculo que, por ser inviável de ser ultrapassado, vai acabar determinando que tudo fique como está e a usina entre em operação sem nenhuma garantia que depósitos definitivos venham a ser implementados.

Esta solução ainda não está clara em nenhum país do mundo e os E.U.A, país que mais tem investido em seu depósito definitivo, gastou até 2002, somente com os estudos dos cientistas americanos, cerca de US$ 5 bilhões e esta quantia e esforço ainda não foram capazes de determinar se o repositório de Yucca Mountain poderia efetivamente isolar os rejeitos altamente radioativos através de 250.000 anos durante os quais eles permanecem perigosamente radioativos. Este projeto vem sendo discutido e implementado desde 1954 na alvorada da era nuclear e até agora, em 2008, cinqüenta e quatro anos depois, não existe uma licensa emitida e a data para entrada em operação (chegada do primeiro carregamento) está prevista, especulativamente, para 2017 e vem sendo adiada nos últimos 10 anos. (leia Energia Nuclear - Parte 3 - link ao final)

Estamos totalmente de acordo que se encaminhe a definição de um repositório definitivo e que a concessão da licença estabeleça determinantes claros para que isto seja alcançado condicionando a obtenção da licença de operação segundo parâmetros que assegurem que a solução seja alcançada X ou Y anos após. Caso não tenhamos acordado este que poderia ser chamado de um Termo de Ajustamento de Conduta a usina, mesmo pronta, não teria licença para carregamento do núcleo.

Por outro lado, vemos que na polêmica criada com a CNEN esta se comporta como se ainda estivesse na era dos generais-presidentes, com a prepotência e a arrogância de uma autarquia militarista que podia tudo, desde espionagem patrocinada pelo governo até gerenciamento de contas secretas no exterior para seus programas escusos como este que desembocou na aventura do submarino nuclear.

Ao invés de se entender com o Ministro ajudando a encontrar a solução correta e necessária para o país prefere critícá-lo, afrontá-lo e afirmar que ele desconhece o problema tecnicamente.

Toda a história controversa da energia nuclear no Brasil pode ser lida em nosso artigo dividido em três partes e que descreve esta aventura desde o almirante das centrífucas apreendidas no pós-guerra até o almirante de hoje que comanda a Eletronuclear:

Energia Nuclear:Parte 1
Energia Nuclear:Parte 2
Energia Nuclear:Parte 3



Leia também: Submarinos Nucleares: Descomissionamento

domingo, agosto 10, 2008

Jesus e a Resistência Judia


Já estão disponíveis as três partes da tradução do artigo de Hyam Maccoby, "Jesus e a Resistência Judia".

Uma versão interessante e única para os eventos que antecederam a prisão, julgamento e crucificação de Jesus por uma dos maiores especialistas em judaísmo antigo da atualidade.

Acesse a primeira parte na seção Jesus Histórico da MPHP.