segunda-feira, maio 17, 2010

Coisas do Twitter


O Twitter vem se tornando um mundo a parte dentro deste enorme ambiente virtual que é a Internet.

Aproximadamente 10 meses atrás ao fazer uma reclamação velada sobre proselitismo religioso de uma usuária que eu seguia e reciprocamente me seguia eu tive minha conta bloqueada por essa usuária.

Num primeiro momento fiquei surpreso, pois não tinha tido qualquer atitude desrespeitosa apenas expressara uma opinião. Considero o bloqueio de contas uma atitude drástica que deve ser usada em casos extremos de ataques graves ou Spam, principalmente, os de cunho pornográfico.

Procurei me explicar e encontrando no Blog da usuária um endereço para contatos enviei um email desculpando-me por algum eventual mal entendido ao mesmo tempo que solicitava uma reconsideração do bloqueio oferecendo à usuária a simples e óbvia opção de não mais me seguir.

A reação foi igualmente surpreendente, tendo a usuária solicitado que eu não mais a importunasse por email. Em vista disso, me recolhi e procurei esquecer o ocorrido.

Qual não foi minha surpresa, quando recentemente, passados quase 10 meses do fato, fui desbloqueado e dias depois seguido pela mesma usuária.

Na minha estupefação imaginei duas opções possíveis para ela ter voltado a me seguir no Twitter a despeito da anterior reação violenta em face de uma divergência de opiniões.

A primeira hipótese poderia estar ligada a uma possível reflexão sobre valores cristãos que normalmente são pregados mas não vividos. A usuária tinha resolvido me perdoar. A segunda hipótese, menos abonadora, é que ela tenha se esquecido de meu nome de usuário/avatar e desavisadamente tenha apreciado algum "post" meu e voltado a me seguir sem se dar conta de quem sou eu.

Como pretendo divulgar esse texto no próprio Twitter, esperando que ele seja lido pela usuária em questão, cujo nome não vou divulgar por uma questão ética, tenho agora a oportunidade de receber respostas a algumas das indagações acima bem como esclarecer alguns pontos que estavam no cerne do meu comentário que causou tudo isto. Ela se desejar poderá responder aqui mesmo, nos comentários, ou, se preferir não se expor, enviar-me resposta pelas inúmeras formas de contato existentes no site MPHP.

Minha crítica não é sobre as pessoas cristãs, nem poderia, pois vivo numa família em que o cristianismo é cultuado, mas sobre o obscurantismo de algumas seitas que iludem as pessoas sobre um grande mito. Sobre isso, me revisto da autoridade conferida por mais de 15 anos de pesquisa séria sobre o cristianismo e suas figuras principais. Sigo a esteira, sem jamais pretender me igualar, dos inúmeros estudiosos que nos últimos 200 anos desvendaram muito do que se convencionou chamar de estudo do Jesus Histórico.

Esses estudo não são feitos tomando como base traduções de péssimo nível, como a mais utilizada no Brasil pelas igrejas protestante de João ferreira de Almeida, mas nos originais gregos, hebraicos e coptas de inúmeros documentos do NT e também de apócrifos de grande valor como os de Nag Hammadi e do Mar Morto.

O estudo sistemático do cristianismo antigo já alcançou inúmeras conclusões que infelizmente não chegam ao grande público ainda mais em um país como o Brasil, quer pela pouca demanda, quer pelo lobby cristão.

Resumindo duas das grandes conclusões podemos afirmar que os Evangelhos não representam exatamente o que um personagem de nome Jesus de Nazaré disse e realizou e ao contrário da crença popular difundida, não foram escritos pelas pessoas cujos nomes ostentam em seus títulos, os quais também contrariamente à crença difundida nem sequer foram testemunhas oculares dos fatos narrados. Se Jesus retornasse hoje, classificaria como heresia muito do que se diz que ele falou e realizou. Assim como inúmeros pseudo profetas daquela época Jesus pretendia, como judeu que era, libertar o povo judeu do jugo romano e jamais desejou criar uma nova religião.

Jesus acreditava ser a figura profetizada na Bíblia Hebraica que realizaria todas essas coisas. Ele não era um militarista e não construiu um exército para lutar com os Romanos, uma vez que acreditava que Deus realizaria o grande milagre de quebrar o poder de Roma. O milagre teria lugar no Monte das Oliveiras, tal como profetizado no livro de Zacarias. Quando este milagre não aconteceu, sua missão falhou. Ele não tinha intenção de ser crucificado como um ser divino e teria encarado esta idéia como pagã e idólatra, um pecado contra o primeiro dos dez mandamentos.

Outra grande conclusão é que a redação dos evangelhos visou privilegiar os interesses de grupos dos movimentos cristãos primitivos orientados para a criação de uma nova fé que foi consolidada com a conversão do Imperador Romano Constantino, no séc IV. Um fato que desempenhou um enorme papel na consolidação dessa nova religião foi a instituição da ressurreição de Cristo, que praticamente fez ressurgir um movimento que com o desaparecimento do Messias já encontrava seu ocaso.

Segundo Gerd Luedemann, um dos maiores teólogos alemães modernos, cujas pesquisas o levaram a abandonar o cristianismo, a ressurreição não pode jamais ser interpretada no sentido literal.

É importante notar que a quase totalidade dessas pesquisas foram e são levadas a efeito por cristãos que algumas vezes, mas não em todas, abandonam o cristianismo após suas descobertas dando peso à afirmação dos próprios evangelhos de que "conhecereis a verdade e ela vos libertará".

Como fruto dos meus próprio estudos nos últimos 15 anos, eu tenho a plena convicção de que o cristianismo é o maior mito da civilização ocidental e essa constatação, ao contrário do que pregam as Igrejas evangélicas, nunca me trouxe qualquer mal, apenas felicidade de estar livre de um grande fardo atávico impregnado em nossas mentes, desde tenra idade, por essa sociedade predominantemente teísta.

Não combato os cristãos, apenas me angustio com suas ilusões e luto dentro dos meus recursos de forma veemente contra as seitas que exploram a credulidade das camadas menos instruídas da população, perpetrando diuturnamente um crime constantemente ignorado pelas nossas autoridades em parte pelo medo de serem acusadas de perseguição religiosa.

Evito inclusive discutir com cristãos que apenas se baseiam nas traduções a que me referi, enquanto trago uma bagagem de muitos anos em estudos em fontes primárias e secundárias de elevada erudição. Jamais perderia meu tempo discutindo com um cristão, cuja fonte de informação é apenas a Bíblia, sobre o que Jesus realmente disse em contrapartida ao que colocaram como palavras suas para servir aos propósitos da criação do cristianismo.

Para finalizar, tenho a plena convicção que o Deus Pai do cristianismo, que atende pedidos e olha por nós é a maior das invenções humanas, fruto da necessidade da nossa espécie de encontrar uma justificativa para a própria existência. A maioria tributa esse papel aos deuses desde os fenômenos da natureza em tempo pré-históricos até as entidades divinas modernas, outros em menor número, mas crescentes, atribuem esse papel ao próprio universo.


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