Mostrando postagens com marcador Eletrobras. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Eletrobras. Mostrar todas as postagens

domingo, abril 11, 2010

Belo Monte: Aonde está a Verdade?


A discussão entre defensores e opositores da UHE de Belo Monte, no Rio Xingu, reforçam a idéia de que todos temos uma ideologia e a imparcialidade não é uma qualidade comum entre seres humanos.

Se você analisar o Relatório de Impacto Ambiental produzido pela Eletrobras e o estudo crítico realizado por especialistas contrários à construção da Hidrelétrica você só pode chegar a uma de duas conclusões; ou a Eletrobras é incompetente ou desonesta.

É mais do que sabido que se você inicia um estudo com objetivo de encontrar falhas em outro estudo você vai encontrar. É da natureza humana, pois os conflitos não estão na realidade objetiva, mas na mente das pessoas.

No Painel de Especialistas - Análise Crítica do Estudo de Impacto Ambiental do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte, logo na apresentação, na página 10, encontramos o parágrafo abaixo que demonstra nitidamente e intenção primordial de buscar erros:
Trata-se de estudo crítico realizado por um Painel de Especialistas (pesquisadores de diversas instituições de ensino e pesquisa), com o objetivo de evidenciar para a sociedade as falhas, omissões e lacunas destes estudos e subsidiar um processo de decisão, que se espera seja pautado pelo debate público - sério e democrático.

Ora como dissemos se o objetivo é evidenciar falhas a análise será orientada para isso potencializando tudo que possa ser uma falha. Será que precisamos criar um Painel de Especialistas2 para analisar, veja bem o termo, analisar o trabalho do Painel de Especialistas?

Não é crível que uma empresa idônea e de reconhecida competência como a Eletrobras produza um relatório com os erros grosseiros apontados pelo PE*, que vão desde a subestimação da quantidade da população atendida determinando-a em cerca de um quarto do que o PE considera real, passando pela indefinição do que seja o termo "atingido" e culminando com uma demonstração de que o projeto não seja sequer economicamente viável, como quer demonstrar o PE.

Sem ainda esquecer a grave acusação de que a construção de Belo Monte visa destinar lucro para as indústrias eletro-intensivas da Amazônia como a do alumínio e também beneficiar as próprias empreiteiras encarregadas da construção e não, como seria de se esperar, suprir de energia o sistema elétrico integrado nacional.

A verdade não pode estar nesses extremos, precisamos encontrar um meio termo e fugir das versões ou de teorias de conspirações. Não existem evidências no PE de que os que combatem a construção da unidade estejam procurando ganhos-mútuos, pelo contrário, demonstram estar, unicamente, almejando impedir a construção de Belo Monte.

*PE - Painel de Especialistas - Análise Crítica do Estudo de Impacto Ambiental do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte.




quinta-feira, novembro 12, 2009

Apagão ideológico


Já discutimos aqui nesse Blog a questão do uso de ideologia prévia nos debates e gostaríamos de voltar ao tema relativamente ao confronto, infelizmente, político que se está instalando na sociedade brasileira após o apagão de 10/11/2009.

Ao analisarmos as manifestações das autoridades do setor elétrico percebemos um excessivo cuidado nas declarações, além de uma completa indefinição de quem seria o interlocutor indicado para a comunicação com a sociedade. Tudo isto acaba por levar os esclarecimentos para longe da vertente técnica do problema, em favor de considerações que formem uma blindagem política para o governo e,especialmente, para a candidata Dilma Rousseff.

Paralelamente, políticos da oposição, ao perceberem que podem causar um ponto de vulnerabilidade na campanha da candidata oficial, procuram levar o debate, exatamente, para o campo político. Do outro lado, os políticos da base do governo trabalham também na construção da blindagem citada.

No mar de informações desencontradas e pouco consistentes que deixa a sociedade perplexa e mal informada, apresentaremos dois comentaristas que se destacaram positivamente no cabedal de bobagens veiculadas e um outro que encarna toda a problemática causada pela influência de ideologia prévia.

A primeira manifestação pró-ativa foi uma breve entrevista do Professor Pinguelli Rosa, ex-presidente da Eletrobrás no primeiro governo Lula. Sua manifestação foi lúcida e desprovida de viés.

A segunda manifestação pró-ativa foi o pronunciamento do Senador Delcídio Amaral, no plenário do Senado em 11/11/209.

Como ex-engenheiro atuante no setor elétrico, o Senador Delcídio fez uma análise perfeita colocando a questão em sua dimensão correta, valendo lembrar sua condição de senador do PT o que torna ainda de maior valor o seu pronunciamento.

Como exemplo de como a ideologia afeta nossos julgamentos apresento a entrevista do Professor José Goldemberg, na radio CBM, ao Herótodo Barbeiro, nesta quinta feira, às 07:40 da manhã.

Nesta entrevista, Goldemberg não conseguiu se desvencilhar de sua condição de membro do PSDB e ex-ministro do governo FHC emitindo uma série de comentários ideológicos, com conotação nitidamente política, totalmente desvinculados daquilo que poderia se esperar de um técnico do setor elétrico.

Ouça a entrevista do Professor Goldemberg.

Interessante notar que José Goldemberg e Luiz Pinguelli Rosa já militaram na mesma fileira quando se opunham à instalação de usinas nucleares planejada pelos governos militares. Aparentemente, ambas ideologias foram amenizadas após o exercício de suas funções no governo, um como ministro do meio ambiente, outro como presidente de estatal do setor elétrico.

Concluindo, gostaria de sugerir a leitura do link postado no início deste artigo que leva a um texto exclusivo sobre a medida da ideologia pessoal nos debates que travamos.