sexta-feira, outubro 02, 2015

Tira o Tubo II


Eu poderia estar sendo considerado neste momento, como passando por um estado nostálgico, mas sei que não é isso e o meu estado real é de desilusão com o rumo que a sociedade humana está tomando.

Um mundo no qual os valores fundamentais que estruturaram a nossa civilização judaico-cristã estão desmoronando e observo o país e pior, o mundo, encarando esta catástrofe com uma estranha mansidão que lhe é exigida pela horrenda ditadura do politicamente correto.

Lembro-me em março de 1955 quando meu pai me deixou, com dez anos, no Colégio São José (internato) no Alto da Tijuca, ao despedir-se de mim antes de enfrentar meu primeiro período sem a presença paterna e deixado à influência dos novos colegas, ele incumbiu-se de proferir uma recomendação que julgava, a seu modo, bastante importante. Ao ir comigo ao banheiro masculino, alertou-me para algo que sequer compreendi o significado naquela hora tensa. Disse-me, de uma maneira séria, que mais tarde entendi como encabulada: “meu filho, se algum coleguinha pedir para segurar no seu pinto ou pedir que você segure o dele, não deixe ou não segure”. Essas foram as recomendações na despedida, para mim totalmente ininteligíveis, pois eu era uma criança inocente, como devem ser as crianças.

Pais da década de 50 do século passado, não lidavam bem com explicações sobre sexualidade, não podemos sequer criticá-los por isso, pois a nossa inocência de então, tinha como contrapartida a inexperiência deles para estes temas. Um ou dois meses depois, um colega com cujo pai o meu combinara para mim um tipo de proteção, porque embora apenas meses mais velho era circunstancialmente bem mais experiente do que eu, disse-me no turbilhão dos acontecimentos que se sucederam a um episódio de homossexualidade no colégio, que naquela época custou a expulsão dos dois envolvidos: “fulano comeu beltrano”, e eu perguntei a ele: Comeu como, ele é canibal?

Devo muito a este colega e amigo de infância, minha integridade nos primeiros meses, até começar a compreender as novidades que a vida me apresentava. Levenhagem, este era seu sobrenome e alguns poucos dos meus amigos nas redes sociais devem tê-lo conhecido. A vida nos separou e nunca mais, depois do ginasial (era esse o termo), tive contato com ele.

Pois é, hoje ouço estupefato que a vida sexual das meninas começa aos doze anos e a dos meninos um pouco mais tarde, mas não muito. Ouço também, que quando descontinuidades acontecem tendo como base os colégios, os pais de hoje querem se eximir da educação e colocar esta responsabilidade no colégio, às vezes até os culpando se algum fato ocorre com suas filhas e filhos, porque simplesmente, não sabem exercer limites e o NÃO deixou de existir em seus vocabulários.

Felizmente, observo minhas filhas que já têm meus netos chegando nessa idade, lidarem bem com isso, executando verdadeiros malabarismos sociais para tentar criar ilhas povoadas de coleguinhas cujos pais comungam dos mesmos ideais e valores que devem nortear a construção da família, mas o que elas me reportam, do que existe por ai, é assustador.

Então, abro a Internet ou ligo uma televisão e vejo a figura abjeta do deputado Jean Wyllys, que defende tudo de ruim para a nossa juventude, ser reverenciado como deputado atuante e símbolo de atuação parlamentar e concluo com o velho bordão do personagem do gordo humorista, mas hoje, vendido ao sistema:

“Tira o tubo!”

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